KEKA WERNECK
DA REDAÇÃO
A ocorrência atípica de casos de microcefalia está causando “paroia” nas grávidas que moram na capital e interior de Mato Grosso.
É o caso da assistente de marketing Gediane Oliveira, de 34 anos, que está no terceiro mês de gestação.
“Só fiz o ultrassom vaginal até agora e fico paranoica, passando repelente, até encima da roupa, usando calça e blusa de manga longa, deixo a casa fechada e procuro não sair à noite, quando a gente sabe que o mosquito pica”, detalha Gediane.
“Fiquei sabendo da doença pela televisão e converso em vários grupos de grávidas. A gente fica repassando informes e se ajudando a se informar e buscar repelente, apropriado para gestantes, que está em falta em Cuiabá”, comenta.
Ela planejou com o marido ter este filho, que é o primeiro do casal, e ainda não saiu do período de risco para microcefalia, isso no caso de contração da virose Zika.
Ela se refere ao aedes Aegypt, mesmo transmissor da dengue e da Zika.
Isis Maria vem aí. No sétimo mês de gravidez, a servidora pública Yara Fátima Gonaçalves, de 36 anos, espera pela filha, se prevenindo como pode. Apesar de já ter saído do período de formação craniana do feto, ela ainda usa calça e blusa de manga longa.
Arquivo pessoal
Yara agora está mais tranquila, no sétimo mês, já passou da fase de risco, mesmo assim está se prevenindo.
“Fiquei sabendo do surto quando ainda estava apenas no Nordeste. Pesquisei na mídia e conversei com meu médico. Já fiz seis ou sete ultrassons e agora estou mais tranquila’, conta Yara, aliviada.
A professora Cristiane Martins, de 36 anos, ligou imediatamente para o médico quando ficou sabendo do risco da microcefalia. “É uma preocupação em um momento especial”, diz ela, que também tirou suas dúvidas fazendo ultrassons. “Samuel já está bem formado, mas mesmo assim continuo me protegendo”.
O obstetra Marcondes Paiva avisa que o caso é de se preocupar mesmo. “É um problema de saúde pública que veio para ficar e ainda não se sabe como vamos sair disso”, ressalta.
Um primeiro problema em contornar esta situação, segundo ele, é que não existe exame diagnóstico para Zika e o que os médicos têm como referência é a suspeita clínica.
Outro problema é que o Aedes está disseminado em ambiente urbano. Então, controlá-lo seria praticamente impossível. “O risco dele picar é grande”, alerta o obstetra.
Por isso, ele adverte que, mais do que nunca, é preciso combater as larvas, evitar que se proliferem, em favor das crianças que estão por vir. “Fiquem de olho no quintal de casa e do vizinho também”.
Ele destaca também que o uso do repelente, de 2 em 2 horas, é fundamental, principalmente nas pernas, porque o mosquito é de voo baixo.
“É bom também borrifar inseticida debaixo dos móveis e colocar aquele aparelhinho em todas as tomadas da casa”, orienta.
Outro obstetra experiente em Cuiabá, Luiz Augusto Menechino, afirma que o clima é de incerteza e até os especialistas estão sobressaltados.
“Eu diria que o melhor é não engravidar, mas esta é uma saída radical. Mas quem puder adiar, adie”, opina.
Segundo Menechino, a Organização Mundial da Saúde (OMS) considerava a zika uma doença benigna, mas mediante o surto de microcefalia, confirmadamente associada a ela, isso pode mudar.
A única coisa que se sabe é que zika pode levar à microcefalia. Mas não se sabe por exemplo com que frequência e nem por que isso só está ocorrendo no Brasil.
“Uma suspeita inicial é de que o somatório dengue mais Zika é que resulta em casos de microcefalia, mas não é certeza. Também não se sabe por que isso está ocorrendo somente aqui e em nenhum outro lugar do mundo”, detalha o médico.
Não se sabe também se o fenótipo, ou seja, se a aparência destas crianças vitimadas será semelhante ao que se sabe hoje da microcefalia clássica, motivada por outros elementos, diferentes da Zika.
Reprodução
Deformação no rosto é um traço da doença.
As grávidas, segundo ele, estão realmente muito ansiosas, em uma fase já especial, quando as preocupações são muitas.
A Secretaria de Estado de Saúde (SES) também já fez o alerta para 58 casos de microcefalia registrados este ano em Mato Grosso, sendo 46 em Rondonópolis, quatro em Pedra Preta e 1 em Cuiabá, Alto Araguaia, Alto Garças, Jaciara, são José do Povo, Nova Mutum, Santo Afonso e Barra do Bugres.
Dyego Pereira 05/12/2015
Acho que o momento não é bom para engravidar, pensem bem se vale a pena correr esse risco.
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