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Cuiabá, 04 de Julho de 2025
04 de Julho de 2025

27 de Novembro de 2011, 08h:11 - A | A

CIDADES / PESQUISA

Cuiabano gasta até R$ 200 mensais com garagem

Violência e aumento da frota ampliam número de estabelecimentos no centro

A GAZETA



O número de estacionamentos tem aumentado nos últimos anos devido à violência e ampliação da frota de veículos. A Capital tem aproximadamente 380 mil veículos, entre carros, motos e caminhonetes, sendo que na área central, apenas 1.115 vagas estão disponíveis pelo sistema de Faixa Verde.

Isso faz com que os cuiabanos gastem cerca de R$ 200 para estacionamentos privados, isso como mensalistas. Mas este custo pode ser ainda maior se precisar frequentar outros locais, como bancos, shoppings, lojas no centro, hospitais, bares e restaurantes.

Grande parte das garagens é clandestina e não possui alvará de funcionamento e nem seguro para o caso de acidentes e danos dentro do pátio.

Os clientes olham a comodidade e proximidade do ponto de destino e não estão atentos às exigências da legislação. O médico Dergan Antônio Baracat, 62, disse que não avalia as questões legais por causa da pressa. Ele paga 2 estacionamentos como mensalista. Em um deles, o valor é R$ 70 e no outro R$ 120.

Ambos estão perto do trabalho dele. Quando precisa ir ao centro ou a outro ponto da cidade, faz gastos extras, que nunca são computados no orçamento.

O proprietário do estacionamento que ele usa, Ângelo Moraes, 30, ainda não tem alvará de funcionamento. Ele conta que foi visitado pelos fiscais da Prefeitura e um contador está providenciando a documentação. Para o empresário, o valor do alvará, cerca de R$ 300 por ano, não é caro. O problema é abrir firma e pagar os demais impostos relativos ao processo.

O pátio, localizado na rua Cândido Mariano, não tem seguro para danos. Ângelo, que atua há 6 meses no mercado, diz que ainda não pensou no investimento. Ele afirma que precisa fazer orçamento para saber se é viável. Duas batidas já aconteceram no local desde a inauguração.

Nos 2 casos, os clientes fizeram um acordo para o conserto. Na mesma rua, duas garagens com menos de 200 metros quadrados oferecem o serviço. Funcionários das óticas denunciam que o espaço não é suficiente e, muitas vezes, os manobristas colocam os carros na calçada, quando a lotação está completa.

Quando os agentes de trânsito e policiais militares chegam para aplicar multas, o manobrista pega o carro e dá a volta no quarteirão, até conseguir uma vaga na rua. O carro do cliente volta para o estacionamento após a saída da fiscalização.

O dono de um dos locais, Carlos Vieira, 38, afirma que isto não é verdade. Sempre que a lotação chega ao limite, ele para de receber carros. Vieira relata que está há mais de 20 anos no mercado e a procura aumentou muito. O empresário parou de oferecer o serviço de mensalista devido à falta de espaço e assegura que é preciso ter habilidade para manobrar todos os veículos e colocá-los dentro do local apertado.

Segurança - O engenheiro agrônomo Gilson Gonçalo de Arruda, 68, diz que sempre usa os estacionamentos privados por causa da segurança. O gasto mensal familiar com o serviço é R$ 300. Para Arruda, o valor pago é razoável porque os empresários têm uma série de encargos e obrigações quando acontece algum tipo de dano. Ele defende que o serviço traz tranquilidade, pois pode resolver os problemas pessoais sem se preocupar com roubos e furtos.

O encarregado de indústria, Camilo Rodrigues, 46, passou a usar os estacionamentos privados depois que a moto dele foi roubada há 2 anos. Ele relata que entrou em uma loja para comprar um produto e ao sair percebeu que o veículo não estava mais no local. A transação comercial demorou cerca de 10 minutos.

Rodrigues defende que os valores cobrados são altos, principalmente porque não existe o pagamento de minutos. "Às vezes, fico no local 20 minutos, mas pago a hora inteira".

A rua - O representante comercial Carlos Augusto Santos Damasceno, 38, diz que sempre para na rua devido ao valor do serviço particular. Ele faz mais de 15 paradas por dia e se fosse pagar R$ 4, a média cobrada por hora, o custo diário seria de aproximadamente R$ 50. Ao final do mês, a despesa chegaria a R$ 1,3 mil. "Eu fico em média 20 minutos em cada loja.

Conclusão: pagaria 15 horas de estacionamento, sendo que trabalho somente 8 horas". O representante acredita que é preciso ter uma solução que garanta a segurança e não pese no bolso do cidadão. Uma das propostas apresentadas por ele é a criação de um cartão para a Faixa Verde, no qual você paga apenas pelos minutos parados.

Conforme Damasceno, a opção de colocar o carro na rua também não é das melhores, já que o veículo fica exposto, tem mais risco de roubo e ainda existem os guardadores de carro, conhecidos como "flanelinhas", que lotearam o centro da cidade.

Hospitais - Na frente dos hospitais de Cuiabá, a quantidade de estacionamentos aumentou. Alguns, como os perto do Hospital Santa Rosa, sempre estão lotados e clientes acabam recusados. Os valores cobrados são de aproximadamente R$ 5 a hora e como as consultas e exames demoram, ninguém sai do local sem deixar R$ 15 para os estabelecimentos.

A enfermeira Sandra Santana, 46, diz que sempre procura uma vaga na rua porque não tem condições de pagar. Ela faz tratamento para câncer e sempre precisa ir ao local. Todas as vezes fica mais de 4 horas dentro da unidade hospitalar, o que daria um custo de R$ 20 por dia.

Cortesia - Oferecer o estacionamento como cortesia atrai clientes para as lojas. Uma delas, especializadas em roupa para gestantes, diz que o serviço facilita as vendas. A gerente Thaiz Regina, 27, explica que fez um convênio com o estacionamento, cujo valor fixo é R$ 80. A quantia é considerada pequena em relação ao retorno. Muitas clientes dizem que a economia é grande, já que se fossem pagar pelo serviço, teriam que desembolsar R$ 4 por hora.

Elas também não têm pressa de escolher as mercadorias. Quando estão em espaços pagos, as mulheres querem correr contra o tempo para não pagar um valor muito alto. Todos os dias, cerca de 10 pessoas vão ao local.

Direitos - O presidente da Comissão de Defesa do Consumidor da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seccional Mato Grosso, Silvio Soares, explica que os donos dos estacionamentos têm responsabilidade sobre os danos que acontecem dentro do pátio, mesmo que não sejam culpados do acidente ou furto.

Ele diz que as placas, que informam que a administração não se responsabiliza por bens furtados de dentro do carro ou deixados na moto, são consideradas prática abusiva.

Conforme Soares, as pessoas precisam se precaver e sempre exigir o recibo do pagamento. Caso haja dano, mesmo que visto depois da saída do local, o papel vai provar que esteve no estacionamento em uma ação judicial. Quanto à questão dos estabelecimentos clandestinos, o presidente esclarece que muitos consumidores perdem o direito porque não é possível identificar o dono do local.

O advogado diz que as pessoas precisam ter atenção e investigar a garagem antes de parar. De acordo com a lei, o alvará de funcionamento deve ficar exposto em um ponto visível.

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