G1
A namorada do jovem Pedro Pinto de Paula Neto, de 22 anos, que morreu após participar de uma festa rave, desabafou em uma rede social sobre a morte dele. Nas publicações, Layane Dziecinny, que mora em Sorocaba(SP), relata o uso de entorpecentes na rave, os últimos momentos em que viu Neto durante a festa e diz estar sofrendo represálias por parte da família.
“Ficamos muito loucos, sim, como de costume. Agora recebo a notícia que o amor da minha vida morreu e eu não vou poder nem ir ao velório me despedir porque tanto a família como os amigos também acreditam que eu forcei ele a se drogar. Só queria que respeitassem minha dor”, escreveu em seu perfil no Facebook.
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O corpo do jovem, que morava em Praia Grande, foi encontrado no Rio Atibaia, emValinhos (SP), na quarta-feira (17).
Em entrevista ao G1, a irmã de Pedro, Flavia Brandão de Paula, afirma que o comportamento do jovem mudou após ele começar a namorar. “Para nós, familiares, esse negócio de drogas é novidade. Não sabíamos que ele usava, aqui em casa ninguém bebe ou usa drogas", afirmou.
Ela diz também que chegou a receber ameaças e acusações tanto de amigos como de familiares do jovem durante o período em que ele esteve desaparecido. “Qualquer um que olhar o Facebook do Pedro vai ver que não foi comigo que ele começou a ir a festas. Tanto eu como ele já íamos há muito tempo em raves antes mesmos de nos conhecer. Muito mais fácil jogar a culpa em mim do que aceitar que o filho, assim como eu, também usava entorpecentes. O pior de tudo são os ‘amigos’ que também usavam drogas com ele me crucificando. Vocês acham que eu, com 1,56 [m de altura] consegui obrigar ele a usar alguma coisa?”, questiona.
'Perdemos o controle'
A namorada de Pedro conta que o jovem veio para Sorocaba no último dia 12, quando reataram o namoro e combinaram de ir até a festa no fim de semana, em Valinhos. No local, ela relata o uso de drogas, sem especificar o tipo de alucinógeno. "Fomos de excursão e, chegando lá, fizemos o que nos dois já estávamos acostumados a fazer: ficamos muito loucos sim, como de costume. Mas depois de um tempo perdemos o controle tudo", escreveu.
Layane também agradeceu as mensagens de apoio que vem recebendo de amigos. "Tenho me apegado muito a Deus, e ele tem me dado forças pra continuar. As vezes só passando pela dor pra mudarmos o rumo de nossas vidas."

Polícia
Segundo o delegado Sandro Eduardo Jonasson, que investiga o caso, a namorada de Pedro relatou às autoridades que tanto ela como o companheiro usaram drogas sintéticas e ele teria tido um surto psicótico. O jovem ainda teria sido agredido e colocado para fora da fazenda onde ocorria a festa. Foram encontrados documentos, dinheiro e entorpecentes junto ao corpo do rapaz.

A polícia também recebeu informações de que, no interior da festa de música eletrônica, havia tráfico de drogas, a maioria sintética. Caso os laudos técnicos e a investigação apontem que houve homicídio, todos os envolvidos na organização do evento serão responsabilizados, de acordo com Jonasson.
Organização responde
A festa Psychedelic Soul Crew divulgou, por meio de uma rede social, uma nota sobre o caso. No texto, os organizadores afirmam que o jovem e a namorada passaram mal durante o evento e receberam o atendimento de uma equipe médica e do Corpo de Bombeiros enquanto estavam no local.
Depois disso, Pedro deixou a festa sozinho, diz o texto. A organização do evento se colocou à disposição das autoridades para ajudar nas investigações. A Psychedelic Soul Crew também fez um alerta para os frequentadores não usarem drogas.

Layane relatou últimos momentos com Pedro e desabafos no Facebook (Foto: Reprodução / Facebook)