ANDRÉA HADDAD
Envolvido em escândalos e com uma série de atribuições na vice-governadoria, o secretário de Cidades Chico Daltro (PSD) nega o acúmulo de poderes. “Não existe superpoderes, por que sou vice-governador não posso exercer outras funções? Estou dentro da minha prerrogativa”, desabafa o social-democrata.
Ele responde às críticas com a alegação de que tem, na verdade, “muito trabalho”. Além da pasta de Cidades, Daltro é responsável, na vice-governadiria, pela articulação institucional com municípios, elaboração e coordenação das ações da Defesa Civil, a elaboração e coordenação das ações das políticas indigenistas e a coordenação das atividades do Escritório de Representação, em Brasília. Também passou a ter autonomia para discutir e interferir não apenas no MT Fomento, mas na Ager, Defesa Civil, Metamat e Cepromat.
Mesmo assim, o gestor nega o acúmulo de poderes. Ele também garante estar apto a prestar esclarecimentos na Assembleia Legislativa, tão logo for convocado, sobre o lobista Rowles Magalhães Pereira da Silva, ex-assessor-especial do gabinete do vice-governador, que denunciou ao site UOL suposto direcionamento de licitação e pagamento de propina de R$ 80 milhões a integrantes do Governo do Estado, pela obra do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). “Não compareci na Assembleia porque ainda não fui convocado”, alega Daltro.
Em 17 de outubro, a denúncia do UOL gerou alvoroço no Estado, com a divulgação da matéria contendo as "revelações" de Rowles. Ele foi exonerado no dia seguinte e o ministérios públicos Federal e do Estado instauraram procedimento para investigar a denúncia. Diz o UOL que o vencedor da licitação para construir o VLT, obra orçada em R$ 1,47 bilhão, era conhecido pelo menos um mês antes da entrega das propostas dos consórcios concorrentes e da abertura dos envelopes.
Semanas antes do ato, o UOL Esporte foi procurado por Rowles. O lobista adiantou o consórcio VLT Cuiabá como vencedor da licitação e que integrantes do governo estadual receberam uma propina da ordem de R$ 80 milhões para viabilizar o negócio. O acerto para determinar o vencedor, conforme a matéria, fora articulado entre os três consórcios primeiros colocados na concorrência.
Rowles estava descontente com o Governo do Estado. Antes da nomeação na vice-governadoria, ele representava o fundo de investimentos Infinity, que doou o estudo de viabilidade do VLT, orçado em R$ 14 milhões, usado no edital de licitação da obra. Com isto, o Infinity, que representava a empresa estatal portuguesa Ferconsult, responsável por projetar e executar obras de transporte sobre trilhos, não pôde participar do certame. Sentindo-se traído, Rowles resolveu procurar o portal UOL, controlado pela Folha de SP.
“De acordo com o assessor especial do vice-governador, o combinado era que a obra fosse executada por meio de uma PPP (parceria público-privada), em que a estatal portuguesa faria parte do grupo construtor. O que ocorreu, porém, foi um processo de licitação, cujo edital fora publicado no dia 6 de março deste ano, em que a Ferconsult não participou”, aponta a matéria do UOL.
O secretário extraordinário da Copa do Mundo de 2014 (Secopa), Maurício Guimarães, negou com veemência o pagamento de propina, assim como o governador Silval Barbosa (PMDB). O peemedebista acredita que a matéria do UOL foi “plantada” por pessoas interessadas em denegrir a imagem do Estado e inviabilizar a obra do VLT, como a chamada "máfia dos combustíveis".
Um dos mais intransigentes defensores do depoimento de Rowles na Assembleia, o deputado estadual Emanuel Pinheiro (PR) explica que o vice-governador só vai ser convocado para explicar, por exemplo, a nomeação do empresário, com interesse no Executivo na vice-governadoria, se houver elementos suficientes denunciados na oitiva com o lobista. Enquanto Rowles “abre fuga” do Legislativo, Daltro respira aliviado.
ICE PEPPER 04/02/2013
"revelações" é nome de matéria de capa de revista de fofoca,prova que é bom nada até agora.Cade?
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