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Cuiabá, 01 de Julho de 2025
01 de Julho de 2025

12 de Janeiro de 2015, 17h:30 - A | A

POLÍTICA / PROPINA PARA DEPUTADO

Promotor afirma que vídeo com delação de Éder já está anexado como prova

Éder Moraes reage e ameaça processar o Ministério Público, por vazamento de depoimento sigiloso

KEKA WERNECK
DA REDAÇÃO



O promotor Roberto Aparecido Turin, do Núcleo de Patrimônio e Improbidade Administrativa do Ministério Público Estadual de Mato Grosso, informa que o vídeo em que o ex-secretário de Fazenda Éder Moraes revela pagamento de propina ao então deputado estadual “Daltinho” (SD), a mando do ex-governador Silval Barbosa (PMDB), foi anexado como prova em algumas das ações movidas pelo MPE e MPF, abertas para apurar suspeitas levantadas pelas investigações da Polícia Federal na Operação Ararath.

“Sim, esse vídeo é prova. Registra o que Éder falou em depoimento, porque ele já teria dito por aí que não falou nada disso, mas disse sim e está gravado”, assegurou o promotor.

Turin explica que a empreiteira Encomind é a ré nesta ação, porque é acusada de atuar como ponte no repasse ilegal de financiamentos de alto valor feitos sem o aval do Banco Central junto ao BicBanco, para atender necessidades financeiras de políticos de Mato Grosso.  

No vídeo, o ex-secretário de Fazenda, Éder Moraes, que é acusado de ser o articulador do esquema financeiro desbaratado pela Ararath, está prestando depoimento nesta ação. Moraes revela que Daltinho procurou Silval para pedir R$ 2 milhões em troca do voto dele favorável à aprovação das contas do Estado em sessão na Assembleia Legislativa. Moraes afirma que o governador determinou que esse valor fosse pago.

O dinheiro para pagamento de propina e gastos extras com campanha eleitoral saía, conforme o promotor Turin, de um caixa extra, alimentado por esquemas financeiros ilegais.

“Eles faziam assim. Por exemplo. A Encomind, como outras empresas, tem carta de crédito para receber, mas para isso dependeria da Justiça, coisa demorada, para 10 a 20 anos. O Éder chegava e perguntava: vocês querem receber rápido? Se sim, pago em três dias, mas terão que devolver 50%. Esse dinheiro ia para o tal caixa, que eles usavam para resolver problemas, entre eles pagar propina a deputados, gastos com campanha eleitoral, essas coisas”, explica o promotor.

Turin explica ainda que “nessa ação, motivada pela Ararath, o que estamos apurando são crimes de improbidade e danos ao erário estadual. Ao final, vamos pedir ressarcimento de valores e certificar se o Estado pagou a mais para a Encomind, por benefícios que não tinha direito”, declara o promotor.

Daltinho, embora na ocasião tenha aprovado as contas do Estado, nega que tenha sido comprado para isso e reclama de repetidas exposições na mídia. Ele questiona a ética de Éder Moraes e diz que vai acioná-lo na Justiça.

Ele e quem mais atentar contra a figura de empresário, que construiu na região no Araguaia, há mais de 20 anos. “Tenho mais de 50 lojas, 300 funcionários e nunca comprei um parafuso do Estado. Então, não é um malandro desses, desqualificado, que vai conseguir manchar meu nome”.

Moraes não entende o vídeo como prova porque diz que já se retratou publicamente. Afirma que vai entrar com uma representação na Corregedoria do Ministério Púlbico do Estadual, no Conselho Nacional do Ministério Público e no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), por causa do vazamento de um depoimento que, segundo ele, deveria ser sigiloso, para salvaguardar a integridade dos envolvidos e seus familiares.

Procurada para falar sobre o assunto, a direção da Encomind informou que está toda de férias e só volta na sexta-feira (16). 

O ex-governador Silval Barbosa (PMDB), após repassar o cargo ao governador eleito, Pedro Taques (PDT), saiu de férias com a família para o exterior e ainda não voltou. 

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