RAFAEL DE SOUSA
DA REDAÇÃO
A indicação do senador Wellington Fagundes (PR) como líder do governo Dilma Rousseff (PT) no Senado deve projetar Mato Grosso no cenário nacional, mas ao mesmo tempo 'puxa' o republicano para dentro de um governo em crise, com a mais baixa aprovação popular da história e sob forte ameaça de impeachment.
Fagundes que está de folga em Orlando, na Flórida (USA), com a família e só retorna ao Brasil nesta segunda-feira (30), foi deputado federal por seis mandatos e atua como senador desde fevereiro deste ano. Apesar de ainda não ter aceitado, formalmente, o convite, é o preferido do Planalto para exercer a árdua função.
Para os analisas políticos, João Edisom e Onofre Ribeiro, assim como os ministros Jaques Wagner (Casa Civil) e Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo), defendem o senador mato-grossense como interlocutor. “Eu tenho a impressão que o Wellington é muito habilidoso e o que está faltando neste momento lá na relação do governo com o Congresso Nacional é essa habilidade, o que o pessoal do PT não tem mais até porque o desgaste é muito grande. Então ele precisa fazer uma ponte boa aí”, comenta Onofre.
“Wellington não pode deixar se envolver pela as picuinhas e lamaceira da questão política e se colocar numa condição de salvador da pátria”, aconselha João Edisom.
Em relação aos problemas vividos pelo governo nos setores políticos, econômicos e a baixa popularidade de Dilma, João Edisom acredita que serão estes os principais desafios do também líder da bancada do PR no Senado. Para o analista tudo dependerá exclusivamente do republicano. “Tudo depende da forma como ele irá conduzir. O fato de você estar do lado do outro em um momento difícil como este pode, inclusive, engrandecer muito e demonstrar uma posição de lealdade e ao mesmo tempo de princípio ético. Os grandes líderes aparecem em momentos de crise. Fugir à essa responsabilidade seria assumir um atestado de incompetência”, garante.
“Eu tenho a impressão que o Wellington é muito habilidoso e o que está faltando neste momento lá na relação do governo com o Congresso Nacional é essa habilidade, comenta Onofre.
Edisom adianta ainda que não existe hoje, no Partido dos Trabalhadores, um nome, além de Delcídio do Amaral (PT) – que está preso na sede da Polícia Federal, em Brasília, por tentar atrapalhar as investigações da “Operação Lava Jato” – para fazer as articulações que o governo precisa neste momento crítico. “Wellington é do PR, já o PT está muito desgastado no processo de negociação. A pessoa do PT com maior habilidade e com maior proximidade dos outros para negociar, era justamente o Delcídio. Neste momento os outros estão se ‘espinhando’ muito, então não tinha outra coisa a ser feita. Ou colocaria o Wellington, ou ela [Dilma] iria desagradar muita gente escolhendo outra pessoa, ia ficar em uma situação muito difícil”, aponta o analista.
João Edisom aconselha que o senador de primeiro mandato tome cuidado com as ‘artimanhas’ do Congresso. “Não pode também deixar se envolver pela as picuinhas e lamaceira da questão política e se colocar numa condição de salvador da pátria”, aconselha.
O fortalecimento do nome de Mato Grosso no cenário nacional também chama a atenção, mas não passará disso. “O positivo é que iremos ter mais um político em cenário nacional. Temos o Nilson Leitão [PSDB], o único que está em evidência nacional e tem certo peso. Wellington na liderança significa mais tempo de mídia, mais participações em programas o que irá projetar o símbolo de Mato Grosso e isso é uma responsabilidade muito grande”, conclui João Edisom.
Em relação ao fortalecimento político do nome de Wellington que talvez o ajude a impulsionar uma disputa ao governo de Mato Grosso, deve ficar mesmo para depois. “Temos que lembrar que o PT sempre perdeu a eleição em Mato Grosso, a Dilma e o Lula perderam todas, então não vai acrescentar, mas também não irá diminuir. O que pode acrescentar é se ele fizer uma liderança muito boa, boa mesmo, isso fortalece o nome para uma disputa lá na frente”, encerra Onofre Ribeiro.
Além de assumir a liderança do governo federal, caso aceite o convite, neste pouco tempo no Senado, o republicano tem ganhado visibilidade ao se tornar líder da bancada do PR, além de presidir a Frente Logística e Transporte.