VANESSA MORENO
DO REPORTÉR MT
O juiz Leonísio Salles de Abreu Júnior, da 1ª Vara de Chapada dos Guimarães pronunciou Cleber Figueiredo Lagreca pelos crimes de feminicídio qualificado por asfixia e mediante recursos que dificultou a defesa da vítima, bem como fraude processual. Ele está preso sob a acusação de ter assassinado a empresária Elaine Stelatto Marques, de 45 anos, em outubro de 2023, no Lago do Manso.
Com isso, Cleber, que é advogado e servidor sa Secretaria de Meio Ambiente do Estado (Sema), será submetido a julgamento pelo Tribunal do Júri, com data a ser marcada.
>>> Clique aqui e receba notícias de MT na palma da sua mão
“Neste contexto, noto que as qualificadoras da asfixia, recurso que dificultou a defesa da vítima e feminicídio devem ser mantidas, por não existir o mínimo de lastro de que elas devem ser excluídas. Neste caso, não há dúvidas de que a qualificadoras devem prosseguir para julgamento pelos juízes naturais da causa no Tribunal do Júri”, diz trecho da sentença proferida nessa quarta-feira (11).
Na mesma decisão, o magistrado negou um pedido de revogação da prisão preventiva e de prisão domiciliar ao feminicida.
“Considerando a gravidade dos fatos, a necessidade da manutenção da prisão para garantia da ordem pública e para assegurar a aplicação da lei penal, bem como o risco de que o réu não seja localizado para ser submetido ao julgamento pelo Tribunal do Júri, indefiro os pedidos de revogação da prisão preventiva e de concessão de prisão domiciliar humanitária”, decidiu Leonísio Salles.
Elaine foi morta no dia 19 de outubro de 2023, por volta das 15 horas, no Lago do Manso, em Chapada dos Guimarães, enquanto fazia um passeio de lancha com Cleber.
Durante o passeio, a lancha teria apresentado um defeito e os dois ficaram à deriva no lago aguardando a chegada de um reboque náutico. Neste momento, uma desavença teria acontecido entre eles e Cleber teria cometido o crime de feminicídio.
Na época, o réu alegou que Elaine gostava de tomar banho com o veículo em movimento e teria amarrado uma corda na cintura, momento em que acabou caindo da embarcação e morrendo afogada.
No entanto, provas, perícias, exames e reproduções simuladas dos fatos contrariaram a versão dele, apontando para o crime.
“Neste tear é que entram as provas colhidas, foram inúmeras as perícias realizadas, de local, de necropsia, de exame de corpo de delito, de reprodução simulada dos fatos, que foram realizadas duas vezes, portanto, com base em tais provas somadas aos depoimentos é que chegamos à conclusão de que os indícios apontam para um crime de homicídio”, escreveu o juiz.
Além disso, conforme apontado pelo magistrado, investigações apontaram indícios de alteração na cena do crime para induzir a erro a perícia e obstruir a Justiça, configurando o crime de fraude processual.
“A gravidade dos fatos é inconteste. Tais circunstâncias demonstram não apenas a frieza e o desprezo pela vida humana, mas também uma clara intenção de obstruir a Justiça”, ressaltou o magistrado.
Cleber, por outro lado, continua negando a autoria do crime. Quanto a isso, o juiz da 1ª Vara de Chapada dos Guimarães deixou claro que, embora o réu negue a prática, todos os elementos demonstram que ele foi o autor do feminicídio.
“Com relação à autoria delituosa, averiguando os depoimentos colhidos em audiência, somado ao vasto material probatório, constato a existência de indícios suficientes a demonstrar que o réu foi o autor do crime de homicídio em face da vítima Elaine Stelatto Marques, no dia 19 de outubro de 2023, por volta das 15h00min no Lago do Manso”, destacou o magistrado.
Sobre as alegações da defesa do réu de que Elaine teria sofrido um acidente, Leonísio Salles ressaltou “uma coisa é certa, pelo contexto dos autos, pelas lesões que a vítima tinha não se tratou de um mero acidente”.
Após o crime, Cleber fugiu e foi preso quase um ano depois, no dia 28 de setembro de 2024. Ele estava escondido em um hotel, no bairro Alvorada, próximo à Rodoviária de Cuiabá.
Desde então, ele tenta na Justiça sair da cadeia, mas a prisão preventiva continua mantida sob justificativa da gravidade dos crimes, da periculosidade do réu e do risco de reiteração delitiva, visto que Cleber tem histórico de violência doméstica.
LEIA MAIS: Polícia prende suspeito de assassinar e simular afogamento de empresária em Manso
LEIA MAIS: Justiça mantém prisão de suspeito de assassinar e simular afogamento de empresária