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Cuiabá, 31 de Julho de 2025
31 de Julho de 2025

30 de Julho de 2025, 09h:33 - A | A

POLÍCIA / ROMBO DE R$ 21 MILHÕES

Advogados e servidores do TJ usavam procurações e documentos falsos para desviar dinheiro da conta única

A Polícia Civil deflagrou a Operação Sepulcro Caiado para desarticular o esquema

VANESSA MORENO
DO REPÓRTERMT



Investigações da Polícia Civil de Mato Grosso desvendaram um esquema criminoso que causou um prejuízo superior a R$ 21 milhões no Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT). O esquema envolvia ajuizamento de ações de execução, sem o conhecimento das partes rés, com assinaturas e documentos falsos, utilizando procurações falsas para representar vítimas que não haviam contratado os advogados envolvidos nas fraudes. Eles também simulavam a quitação da dívida via depósito judicial, juntando aos autos dos processos comprovantes de pagamentos falsificados.

Servidores do TJ, também envolvidos no esquema, criavam planilhas falsas simulando os depósitos na Conta Única da Corte estadual, permitindo assim a obtenção fraudulenta de alvarás judiciais. Com isso, faziam a migração do respectivo valor da conta do Tribunal de Justiça para a conta vinculada ao processo.

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Na manhã desta segunda-feira (30), a Polícia Civil deflagrou a Operação Sepulcro Caiado, para desarticular o esquema e cumprir mais de 160 ordens judiciais, sendo 11 mandados de prisão preventiva, 22 mandados de busca e apreensão, 16 ordens de bloqueio judicial totalizando mais de R$ 21,7 milhões, além de 46 quebras de sigilo fiscal e bancário e sequestro de 18 veículos e 48 imóveis. As ordens judiciais foram deferidas pelo juiz Moacir Rogério Tortato, do Núcleo de Justiça 4.0, e são cumpridas em Cuiabá, Várzea Grande e na cidade de Marília (SP).

LEIA MAIS: Operação prende advogados e servidores do TJ por desvio de R$ 20 milhões

Os alvos dos mandados de prisão preventiva são Wagner Vasconcelos de Moraes, Melissa França Praeiro Vasconcelos de Moraes, João Gustavo Ricci Volpato, Luiza Rios Ricci Volpato, Augusto Frederico Ricci Volpato, Rodrigo Moreira Marinho, Themis Lessa da Silva, João Miguel da Costa Neto, Régis Poderoso de Souza, Denise Alonso e Mauro Ferreira Filho.

Já os alvos de mandados de busca e apreensão são Wagner Vasconcelos de Moraes, Melissa França Praeiro Vasconcelos de Moraes, Escritório de advogacia França e Moraes, João Gustavo Ricci Volpato, Flávia de Oliveira Santos Volpato, Luiza Rios Ricci Volpato, Augusto Frederico Ricci Volpato. Julia Maria Assis Asckar Volpato, RV Empresa de Cobranças LTDA, Labor Fomento Mercantil LTDA, Rodrigo Moreira Marinho, Themis Lessa da Silva, João Miguel da Costa Neto, Guilherme Porto Corral, Mauro Ferreira Filho, Keyyly Gonçalves Martinez, Eva da Guia Magalhães, Cláudia Regina Dias de Amorim Del Barco Correa e Denise Alonso.

Eles poderão responder pelos crimes de lavagem de dinheiro, estelionato majorado, associação criminosa, falsidade ideológica, uso de documento falso e patrocínio infiel.

De acordo com as investigações, o esquema foi identificado em janeiro deste ano, a partir de uma notícia de fato representado por uma das vítimas do grupo criminoso.

A vítima, ao tentar realizar um pagamento com seu cartão de débito em 23 de janeiro, descobriu um bloqueio judicial de R$ 17.543,36 em sua conta bancária. Ela então tomou conhecimento de nove processos judiciais em que figurava como devedor de João Gustavo Ricci Volpato, sete dos quais apresentavam registros de quitação de débitos superiores a R$ 680 mil, sem que  tivesse realizado qualquer pagamento ou autorizado alguém a fazê-lo.

Ela confirmou uma dívida anterior com Volpato referente a um empréstimo pessoal de 2014, com valor original inferior a R$ 17 mil e negou qualquer relação com o advogado Themis Lessa da Silva, que figurava como seu procurador em um dos processos. 

A vítima também negou ter assinado procurações em favor de Themis Lessa da Silva e desconhecia completamente qualquer relação com o escritório de advocacia dele, e ainda negou ter feito um pagamento de R$ 94.859,12 em 19 de agosto 2021, identificado pela polícia, alegando não ter condições financeiras para isso. 

O esquema

João Gustavo Ricci Volpato seria o líder do grupo e contava com a participação de familiares Luiza Rios Ricci Volpato (mãe), Augusto Frederico Ricci Volpato (irmão), Flávia de Oliveira Santos Volpato (esposa) e Julia Maria Assis Asckar Volpato (cunhada). Empresas vinculadas a João Gustavo também eram usadas no esquema.

Ambos ajuizavam ações de execução com documentos falsos. Os advogados Régis Poderoso de Souza, Wagner Vasconcelos de Moraes, Melissa França Praeiro Vasconcelos de Moraes, Themis Lessa da Silva, João Miguel da Costa Neto e Rodrigo Moreira Marinho participavam do esquema atuando como representante da parte autora ou das vítimas, utilizando procurações falsas.

Já os servidores do TJ, especialmente Mauro Martins Sanches Junior, criavam planilhas falsas simulando depósitos na Conta Única, permitindo a obtenção fraudulenta dos alvarás judiciais para levantar os valores. A advogada Denise Alonso também estava envolvida.

O esquema envolvia ainda a apresentação de comprovantes de pagamento forjados. Mauro Martins inseria dados nas planilhas de vinculação de valores, muitas vezes antes mesmo do requerimento formal nos autos dos processos.

Julia Maria Assis, esposa de Augusto Frederico, teve sua conta bancária utilizada para ocultação de valores. Flávia de Oliveira Santos Volpato, esposa de João Gustavo, figura no esquema como coadquirente de imóvel com pagamento em espécie, indicando ocultação patrimonial. Keylly Gonçalves Martinez também teve sua conta bancária utilizada para dispersar os valores ilícitos. Eva da Guia Magalhães e Cláudia Regina Dias de Amorim Del Barco Correa, servidoras, participaram da elaboração das planilhas fraudulentas.

O prejuízo aos cofres públicos, apenas nos 17 processos inicialmente identificados, ultrapassa R$ 11 milhões, mas a estimativa é que o rombo seja muito maior que R$ 21 milhões. 

Ainda não há informações de quanto tempo o grupo criminoso atua no esquema, mas foi possível constatar que as fraudes se estenderam por vários anos.

Além das prisões, a Polícia Civil atua, desde as primeiras horas do dia, para apreender dinheiro em espécie, joias, metais e pedras preciosas, eletrônicos de alto valor, bem como para sequestrar imóveis de alto padrão, veículos de luxo e uma lancha e um jet-ski.

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Marco Malburg 30/07/2025

Que bom,em fim uma noticia boa, desmascarando a quadrilha !

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1 comentários