THIAGO ITACARAMBY
Atualmente circulam em território boliviano cerca de 2,7 milhões de veículos roubados no Brasil. Os dados foram repassados pelo Grupo Especial de Segurança de Fronteira (Gefron). A estimativa é de que pelo menos 50 mil, desses veículos, sejam de Mato Grosso. O total representa mais que o dobro da frota mato-grossense, que é de 1.312.511 veículos, segundo estatísticas do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), até o mês de outubro. De janeiro a outubro deste ano foram roubados 2.700 veículos (carros e motocicletas) em Cuiabá e Várzea Grande. Somente na noite desta quarta-feira (30) foram roubados oito automóveis na grande Cuiabá.
A situação da faixa de fronteira na Bolívia é bastante polêmica e foi tema de discussão durante esta semana na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (AL/MT). Os parlamentares voltaram a criticar o descuido do governo federal em relação a essas áreas. Segundo as investigações da Polícia Judiciária Civil (PJC), a rota boliviana é um dos principais destinos dos veículos roubados na região Metropolitana de Cuiabá. Na maioria dos casos, o bem é utilizado como moeda de troca, que alimenta o "lucrativo" comércio internacional de entorpecentes.
O assunto também esteve em pauta na quinta-feira (29) na Subcomissão Permanente da Amazônia e da Faixa de Fronteira. Os trabalhos do colegiado são subordinados à Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado (CRE). A presidência da Comissão está a cargo do senador Fernando Collor (PTB/AL). Atualmente o relator da matéria é o primeiro-secretário do Senado, o senador Cícero Lucena (PSDB/PB).
A matéria foi aprovada por unanimidade pelos senadores para que uma força tarefa seja realizada a fim de combater o crime organizado. Os parlamentares locais solicitam que os três senadores de Mato Grosso - Blairo Maggi (PR), Jayme Campos (DEM) e Pedro Taques (PDT) passem a participar de forma mais acirrada na discussão. Recentemente o senador Blairo Maggi passou a integrar como membro da Comissão.
O deputado estadual Emanuel Pinheiro (PR) disse, ao RepórterMT que, nos próximos dias, uma Comissão de Mato Grosso fará visitas aos estados de Rondônia e Acre para unir forças em prol da sustentação das bases fronteiriças. O objetivo é envolver os estados de fronteiras – Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Acre e Rondônia – contra a lei boliviana 133, que regulariza os veículos que circulam sem documento naquele País. Os estados fronteiriços formam um movimento em busca de um acordo oficial entre os dois governos para que não sejam editadas leis que anistiem os carros brasileiros.
“Essa postura visa fazer com que o governo seja interpelado via Comissão através dos ministérios da Justiça e Relações Exteriores para que se manifestem através de uma política ostensiva, já que o governo federal não se impõe em relação aos carros roubados de MT e que vão para a Bolívia”, disse o deputado Emanuel Pinheiro.
O parlamentar disse que é preciso investir no policiamento ostensivo, das forças militares, além disso, aumentar o desenvolvimento econômico e social das cidades localizadas nessas regiões. Ele cobrou celeridade da Comissão e, por meio de requerimento de sua autoria, foi solicitada providências ao governo brasileiro contra a lei boliviana que permitiu a legalização de carros contrabandeados para aquele país. O requerimento foi aprovado por unanimidade pela CRE por sugestão do presidente da comissão, senador Fernando Collor (PTB-AL).
No requerimento é solicitada a relação de veículos por estado; além de outras informações a fim de combater a onda de criminalidade. “O governo federal precisa dar uma satisfação aos estados de fronteira. É preciso combater o crime organizado”, disse Pinheiro.
O deputado Emanuel Pinheiro afirmou que, devido à lei boliviana que permitiu a legalização desses veículos, estabeleceu-se uma "tabela paralela" de preços para os carros roubados. Um carro popular, por exemplo, pode ser trocado por um quilo de cocaína, enquanto uma caminhonete de luxo por quatro ou cinco quilos. Em apenas 15 dias de vigência da lei, informou, foram apresentados ao governo da Bolívia 130 mil pedidos de regularização de veículos clandestinos.
CRIME ORGANIZADO
De acordo com o delegado de Polícia Titular da Delegacia Especializada de Roubos e Furtos de Veículos Automotores de Cuiabá, Wilton Maçal Horrara, a principal destinação dos veículos roubados na região Metropolitana de Cuiabá são – o desmanche; os clones, também conhecido como carros ‘dublê’; e por fim, a Bolívia. Ele disse que não há nenhum tipo de estimativa que saiba precisar a destinação final.
Em todo Mato Grosso foram roubados 3.300 veículos até agosto deste ano. Cuiabá e Várzea Grande representam 70% de toda demanda estadual. Sobre a preferência dos veículos, o delegado disse que as quadrilhas agem de maneira sazonal. Ele disse que já houve a incidência há meses atrás de pick-up Stradas, mas as caminhonetes são a maioria nas estatísticas.
O GEFRON
O Grupo Especial de Segurança de Fronteira (Gefron) foi criado pelo Governo do Estado em 2002. O Gefron compõe unidades policiais estaduais integradas juntamente com a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e Polícia Federal (PF) através de um policiamento preventivo e repressivo nas faixas de fronteira contra o tráfico de drogas e armas, contrabando, furto, roubo, especialmente de veículos, e outros delitos, e paralelamente, prestam assistência às comunidades fronteiriças.
O Grupo atua numa faixa que vai do município de Cáceres a Comodoro, uma extensão de 983 quilômetros de fronteira. O Grupo possui cinco pontos de fiscalização fixos instalados nos municípios de Cáceres e Porto Esperidião, Vila Cardoso, Matão, Avião Caído e Barreira do Limão. Atualmente são quase 100 policiais militares e sete policiais civis que atuam na fronteira Brasil/Bolívia.
JP 17/07/2012
Informe-se antes de qq coisa. A Bolívia tem menos de 1 MM de carros como pode ter 2.7 MM de carros brasileiros roubados ??? 2.6 MM é o numero de carros roubados no Brasil nos ultimos 10 anos, todos foram para a Bolivia entao ??? ridiculo
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