DA REDAÇÃO
Mensagens de texto trocadas entre o tenente-coronel da Polícia Militar José Henrique Soares e o ex-chefe da Casa Militar, coronel Evandro Lesco, pelo aplicativo WhatsApp, mostram parte da articulação da trama para afastar o desembargador Orlando Perri – do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) - da relatoria do processo que apura o esquema de escutas telefônicas ilegais no Estado.
Porém, o plano foi descoberto após o próprio coronel Soares se arrepender de participar do esquema e delatar o caso à Polícia Civil, à época, responsável pelas investigações do caso. A denúncia causou uma série de prisões, inclusive a do coronel Lesco.
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Um relatório, obtido pelo site Mídia News, aponta que Lesco usava o celular da mulher dele, a personal trainer Helen Christy, para tratar do plano com Soares. As mensagens começaram a ser trocadas no dia 12 de setembro, quando o militar já estava em liberdade da primeira prisão.
Na conversa, os coronéis da PM, que se cumprimentavam em forma típica de militares, com a saudação “hooop”, demostram receio após ler reportagens em sites de notícia, de que o ex-comandante-geral da Polícia Militar, coronel Zaqueu Barbosa, preso desde maio por participação no caso, estava negociando um acordo de delação premiada sobre o esquema de grampos em Mato Grosso:
José Soares - Temos que saber se é falso mesmo ou se tem alguma verdade.
Evandro Lesco: Falso.
José Soares – Então.
Evandro Lesco – Não é a primeira vez que falam isso no jornal.
Nas mensagens, o coronel Ricardo Soler, responsável por equipar a farda de Soares com uma câmera (chamada de peixe), é apelidado de “peixeiro”:
José Soares - O Soler fez o serviço na farda de primeira. Não dá nem para notar.
Evandro Lesco – É um craque.
José Soares - O cara é artista. Vdd [verdade].
Evandro Lesco – Craque no peixe.
José Soares – kkkkkkkkkkk.
Evandro Lesco - kkkkk. Sério pô. Kkkkk
O documento afirma, ainda, que o plano contava com a “participação de Helen Christy (esposa de Lesco), [ex] secretário de Segurança Pública, Rogers Jarbas, major [Michel] Ferronato, coronel [Airton] Siqueira, entre outros”.
Lesco também queria saber de Soares, à época, escrivão do caso, sobre o andamento do inquérito policial militar (IPM) que apurava o esquema de arapongagem no Estado.
Evandro Lesco – E aí, alguma novidade?
José Soares – Cansativo demais.
Evandro Lesco – Tá ralado.
José Soares – Ouvimos uns nove ppmm [policiais militares], mas nada de relevante. A situação do Siqueira é a msm [mesma].
Evandro Lesco – Tenho certeza, só trabalho.
Após as conversas, o coronel e a esposa foram presos por determinação do desembartgador Orlando Perri por crime de obstrução à Justiça.
Ambos foram soltos no dia 31 de outubro, por determinação é do Mauro Campbell, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que concedeu liberdade ao casal e a outros cinco investigados no caso.