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Cuiabá, 13 de Fevereiro de 2025
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27 de Agosto de 2018, 15h:30 - A | A

PODERES / NOVO DEPOIMENTO

Cabo diz que Paulo Taques ofereceu propina na cadeia para livrar governador

Gerson Corrêa confessou que era o operador do sistema de escutas telefônicas clandestinas operadas em Mato Grosso, por meio da Polícia Militar.

MARCIO CAMILO
DA REDAÇÃO



O cabo da Polícia Militar Gerson Corrêa Júnior declarou em depoimento à Justiça Militar, nesta segunda-feira (27), que o ex-secretário chefe da Casa Civil Paulo Taques teria oferecido propina para que ele não envolvesse o nome dele e do governador Pedro Taques (PSDB), nas acusações sobre o esquema de escutas telefônicas ilegais, operadas no Estado, por meio da PM.

“Enquanto eu estive preso no CCC [Centro de Custódia de Cuiabá], recebi a promessa do senhor Paulo Taques, por duas vezes, de ajuda financeira para arcar com os custos do processo. Ele me pediu para que [o processo] não chegasse no Pedro Taques", disse Gerson em segundo interrogatório na 11ª Vara Militar do Fórum de Cuiabá. 

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A proposta teria sido feita quando ambos estavam presos na mesma ala do Centro de Custódia de Cuiabá.

Dessa vez disse que não precisava de ajuda, mas em outra vez voltou ao CCC e ofereceu ajuda para pagar advogado.

“Enquanto eu estive preso no CCC [Centro de Custódia de Cuiabá], recebi a promessa do senhor Paulo Taques, por duas vezes, de ajuda financeira para arcar com os custos do processo. Ele me pediu para que [o processo] não chegasse no Pedro Taques", disse Gerson.

 

“Ele ofereceu ajuda de um advogado do escritório dele e eu neguei. Ele ofereceu também ajuda financeira”.

O cabo, que era operador do sistema ilegal, declarou no dia 27 de julho que o esquema das escutas clandestinas seria financiado por Paulo Taques e que o governador teria conhecimento. 

Como o primeiro depoimento durou das às 23h50 e só foi finalizado às 5h20, a defesa de Gerson alegou que o réu foi prejudicado pelo cansaço e pediu novo interrogatório, que foi concedido.

 

Primeiro depoimento

Em seu primeiro depoimento em 28 de julho passado, o cabo Gerson confessou sua participação nas interceptações telefônicas ilegais e afirmou que o ex-secretário-chefe da Casa Civil e o governador Pedro Taques (PSDB) seriam os “donos” do esquema. 

"O dono disso aqui é o Paulo Taques e o Pedro Taques. Longe da Polícia Militar", disse o cabo. Um outro inquérito, no Superior Tribunal de Justiça (STJ), apura a possível participação do chefe do Executivo.

Gerson afirmou que foi convocado pelo coronel Zaqueu Barbosa, ex-comandante da Polícia Militar, parar participar de um projeto que investigaria policiais militares com o intuito de “limpar” a instituição, em 2014. Logo depois, o coronel teria pedido ao cabo que o sistema fosse instalado em um local fora do prédio da PM, e Gerson então alugou uma sala comercial por R$ 1,2 mil.

Em agosto daquele ano, o cabo afirmou que foi a Chapada dos Guimarães acompanhado do coronel Evandro Lesco para encontrar uma terceira pessoa. No local, Gerson e Lesco teriam se reunido com o ex-secretário Paulo Taques, que à época trabalhava na campanha eleitoral do governador. O objetivo seria descobrir possíveis escutas realizadas contra Pedro Taques a mando do ex-presidente da Assembleia Legislativa, José Riva, que tinha sua esposa, Janete Riva, concorrendo ao Governo do Estado.

De acordo com o depoimento do cabo, Paulo Taques ficou responsável por bancar todas as despesas das escutas telefônicas e entregou R$ 50 mil em um segundo encontro, realizado no bairro Consil, em Cuiabá.

O coronel Zaqueu teria fornecido os números a serem interceptados e em setembro de 2014 os grampos teriam tido início. O coronel teria informado a Gerson que o número do jornalista José Marcondes “Muvuca” teria de ser interceptado por ele ser uma ameaça ao então candidato Pedro Taques. O ex-vereador Chico 2000 e o advogado José do Patrocínio teriam sido interceptados com o objetivo de descobrir crimes eleitorais possivelmente cometidos por eles.

Os telefones da deputada Janaína Riva (MDB) e da jornalista Larissa Malheiros também teriam sido incluídos nos grampos a pedido de Paulo Taques.

“Ele ofereceu ajuda de um advogado do escritório dele e eu neguei. Ele ofereceu também ajuda financeira”.

O cabo afirmou que nunca escutou os áudios colhidos e que repassava os arquivos ao coronel Zaqueu Barbosa. Na segunda remessa de números também teria sido incluído o telefone da publicitária Tatiane Sangalli, ex-amante de Paulo Taques.

O esquema, conhecido como “barriga de aluguel”, teria continuado até 2015, quando o coronel teria dado a ordem para sua interrupção. A razão seria a descoberta das escutas por parte do promotor Mauro Zaque, que era secretário de Segurança Pública à época.

Outro lado

A defesa do advogado Paulo Taques nega as acusações e informa que se pronunciará nos autos.

O Governo informou, por meio de nota, que o governador Pedro Taques tomou todas as providências para a devida apuração do caso e que ele próprio pediu para que o STJ o investigasse. O governador nega qualquer envolvimento no caso.

 

 

 

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