Analista: Tarifaço de Trump é um ataque à soberania e vai encarecer a safra em MT

RepórterMT

Vivaldo Lopes não vê razões de ordem econômica para medida de Trump.

APARECIDO CARMO
DO REPÓRTERMT

A nova tarifa de 50% imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos brasileiros deve desestabilizar a economia do país e encarecer a próxima safra em Mato Grosso, segundo o analista econômico Vivaldo Lopes. Para ele, a medida não tem nenhuma justificativa comercial ou financeira e representa um ataque direto à soberania nacional.

“A medida foi puramente uma retaliação e um ataque à soberania e à democracia brasileira. Não tem nenhum fundamento econômico, nenhum fundamento comercial”, disse em entrevista ao .

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Vivaldo destaca que a balança comercial entre os dois países tem sido favorável aos Estados Unidos há pelo menos 10 anos.

“De 2014 até 2024, em todos os anos, os Estados Unidos foram superavitários na balança comercial. Portanto, não há nenhuma razão comercial para dizer que ele está sobretaxando o Brasil para recuperar isso, reequilibrar a balança comercial”, pontuou.

“As medidas são perversas, maléficas e megalomaníacas, porque elas desestabilizam a economia brasileira, devem afetar o câmbio, aumentar o dólar e vai praticamente inviabilizar as exportações que são feitas para os Estados Unidos, como petróleo, aviões, açúcar, café, suco de laranja e carne processada”, destacou.

Especificamente para Mato Grosso, conforme o analista, a tendência é que a produção agrícola fique mais cara por conta da importação de fertilizantes, e que haja prejuízo para os pecuaristas, já que os grandes frigoríficos tendem a reduzir a compra de gado de corte.

“Para plantar a safra de 2026, o agro vai precisar importar potássio, uréia, muitos fertilizantes que vêm de fora. Oitenta e cinco por cento dos fertilizantes que nós usamos aqui são importados e são pagos em dólar, portanto, com o aumento do dólar vai aumentar o custo da próxima safra”, detalhou.

“E afeta também porque se a Marfrig, JBS e Minerva, que têm plantas industriais em Mato Grosso, forem forçados a reduzir suas exportações aos Estados Unidos, eles também vão comprar menos bois dos pecuaristas mato-grossenses. Então vai prejudicar o pecuarista mato-grossense, vai gerar desemprego nas indústrias e aqui em Mato Grosso. E, por consequência, vai afetar, não muito, mas afeta um pouco, o ritmo da atividade econômica tanto no Brasil como em Mato Grosso”, concluiu.