FERNANDO MARINHO MEZZADRI
Em um mundo cada vez mais ágil e conectado, toda informação é fundamental para que decisões sejam tomadas com precisão e de maneira eficiente. No esporte isso não é diferente, e não estamos falando apenas sobre as decisões tomadas dentro das quatro linhas ou nas quadras. Quando o assunto é gestão do esporte, informações e indicadores são essenciais para que o investimento realizado seja eficiente e se transforme em resultados cada vez melhores para nosso país, tanto para o atendimento da população quanto a conquista de medalha.
No Brasil, essa realidade não é diferente, com as entidades esportivas buscando cada vez mais informações sobre suas ações e coletando dados para otimizar os recursos utilizados. A sistematização de dados se torna ainda mais relevante quando consideramos que o esporte representa apenas 0,02% do investimento realizado pelo governo federal em 2024, mas sem esquecer que estamos falando de montantes substanciais.
Para se ter ideia, em 2024 foi arrecadado R$ 1,8 bilhão para o esporte por meio das loterias federais. Ao olharmos para a Lei de Incentivo ao Esporte, foi mais R$ 1,2 bilhão doado para projetos esportivos. Ou seja, ter um sistema que organize essas informações é fundamental para que as entidades esportivas saibam como melhor alocar recursos.
Por isso, a Lei Geral do Esporte, promulgada em 2023, prevê a criação do Sistema Nacional de Informações e Indicadores Esportivos (SNIIE), que tem justamente o objetivo de coletar, sistematizar e interpretar dados, realizando avaliações e monitoramento das ações voltadas ao esporte.
É nesse ponto em que a teoria se encontra com a prática. As políticas públicas são avaliadas por meio do ciclo político, que verifica, a partir da definição de um problema a ser resolvido, a entrada de um determinado assunto na agenda governamental, seguida da elaboração de programas para a implementação de políticas e a posterior avaliação das ações, com eventuais correções.
Parece óbvio, mas o esporte ainda engatinha na fase do diagnóstico, com o SNIIE sendo absolutamente essencial para isso, fornecendo informações corretas e precisas para verificação do funcionamento das ações. Com informações em mãos, gestores podem tomar decisões de maneira mais acertada e, assim, utilizar de maneira otimizada os recursos.
Com isso, o Instituto de Pesquisa Inteligência Esportiva lançou o Pacto pelos Sistemas Esportivos, visando a unir entidades do universo esportivo em busca da implementação do SNIIE. Já confirmaram participação na iniciativa o Comitê Olímpico do Brasil, Comitê Paralímpico Brasileiro, Comitê Brasileiro de Clubes, Comitê Brasileiro de Clubes Paralímpicos, além de mais de 20 confederações nacionais e 26 grupos de pesquisa de universidades e entidades esportivas, como o Confef, REMS, Sou do Esporte, Comissão Desportiva Militar do Brasil, entre outros.
O pacto trabalha a união em prol do esporte, buscando justamente a implementação de ferramentas que auxiliem a evolução da área no Brasil, baseada em dados e evidências como forma de otimizar decisões, visando a melhores resultados, dentro e fora das quadras.
Fernando Marinho Mezzadri, coordenador-geral do Instituto de Pesquisa inteligência Esportiva e professor titular da Universidade Federal do Paraná (UFPR), com graduação em Licenciatura Plena em Educação Física, mestrado em Educação e doutorado em Educação Física