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Cuiabá, 01 de Julho de 2025
01 de Julho de 2025

06 de Janeiro de 2014, 10h:43 - A | A

OPINIÃO /

Rusga: o grande movimento cuiabano

Durante esse período ocorreram várias revoltas por todo o País

WILSON FUÁ



Esta crônica tem apenas o sentido de relembrar os momentos históricos ocorrido em Cuiabá, sem querer ser impositivo ou mesmo achar que é um texto científico. Nós como cuiabanos temos que ser os porta-vozes da história, são fatos políticos, apesar da violência do movimento, tudo isso aconteceu aqui, e não tem como esconder ou julgar como algo que dever ser esquecido ou jogado na lata do lixo, é um relato com a sensibilidade de um cuiabano que ama esta terra, e sempre estará do outro lado, em posição diferente daqueles que tentam diminuir os acontecimentos e fatos ocorridos neste lugar abençoado e reverenciado por todos aqueles que são verdadeiramente cuiabanos.

Após a independência do Brasil, nasceram vários movimentos liberais para instalar um governo com autonomia nas províncias e em Cuiabá não foi diferente, e tendo como o principal sentido a reforma das antigas práticas exercidas pelos portugueses durante o período colonial. No século XIX, conta a história que os nativos cuiabanos passavam por situação de opressão, abuso de autoridade e imposição de poder, que eram situações impostas pelos comerciantes portugueses, que gozavam de todos os privilégios, regalias e licenciosidades durante o período regencial. Mas a Rusga foi um movimento de revolta popular que saiu do controle das lideranças liberais, e que propunham uma mudança nas estruturas econômicas e políticas. Não era um movimento nacionalista ou xenófobo, era um movimento em busca da obtenção de independência de poder e mudança comando do governo.

Durante esse período ocorreram várias revoltas por todo o País: Cabanada no Pará em 1832; Rusga em Cuiabá/MT no ano de 1834; Farroupilha 1835 no Rio Grande do Sul, Cabanagem no Pará em 1837; Sabinada na Bahia em 1837 e Balaiada no Maranhão em 1838, portanto o movimento cuiabano não foi um fato isolado em Cuiabá, a revolta era geral em todo o País.

A Rusga aconteceu no dia 30 de maio de 1834, durante a tarde as alas dos radicais liberais reuniram no Campo do Ourique (hoje Praça Moreira Cabral), e esquematizaram para a noite a maior matança de portugueses já ocorrida no País até então, (o movimento Farroupilha acontece em 1.835) através de grupo armado eclode o que ficaria conhecida como a Rusga Cuiabana, dentre os considerados como líderes da rusga citamos os alguns revoltosos: Pascoal Domingues de Miranda; Braz Pereira Mendes; José Jacinto de Carvalho; Bento Franco de Camargo; José Alves Ribeiro; Euzébio Luís de Brito; Manoel do Nascimento e Antonio F. Mendes.

Na noite de 30 maio de 1834, ao aproximar da meia-noite, oitenta revoltosos instalaram a situação de horror das ruas, e ouviam-se pelas ruas de Cuiabá os barulhos de machados que arrombavam as portas e gritos dos portugueses sendo degolados e violentados de maneira cruel e desumana, e “os rusguentos” levavam como troféu as orelhas dos “bicudos” mortos. E para evitar conflitos com a força policial, os revoltosos tomaram o Quartel dos Guardas Municipais, e assim executavam todos os inimigos sem confronto e com maior liberdade, durante o acontecimento, sangue corria em todas as casas de comércio, e ouviam-se gritos de guerras dizendo: “que morram todos os bicudos” (nome pejorativo dado aos portugueses) e, na contagem dos mortos não se tem a quantidade exata, para uns tombaram quatrocentos portugueses, outros dizem que foram duzentos e para outros foram mais de cem.

Após a matança, instalou-se um quadro caótico em Cuiabá, os revoltosos foram presos e encaminhados para julgamento, e foi nomeado pelo governo regencial, o nome do Sr. Antonio Pedro de Alencastro, e o ex-governador provisório, Sr. João Poupino Caldas, antes de embarcar para o Rio de Janeiro foi assassinado pelas costas por uma bala de prata, ( pois para o povo cuiabano, ele foi o traidor que entregou os nomes dos líderes, e fazia parte da tradição cuiabana: que todos os traidores deveriam ser assassinados com uma bala de prata).

Que os outros fiquem sabendo que os nossos antepassados lutaram por um ideal, que os nossos líderes lutaram para mudança de regime político e econômico exatamente no dia 30 de maio de 1834, e que Cuiabá não começou agora, aqui existe uma história muito linda e que deve sempre ser relembrada e comemorada. Que as autoridades instituam a “Semana da Rusga”, na forma de apresentações de Peças Teatrais, Show Musical com apresentações Musicas Tradicionais e Culinárias Regionais.

Mas, hoje no regime democrático prevalece a vontade do povo, e vontade da maioria sempre vence, contra os traidores políticos, não se usa a bala de prata, mas sim o teclado de ouro das urnas eletrônicas, as lutas são no campo ideológico, é através de confrontos de ideias e debates programáticos que o povo faz a melhor escolha, por isso que prevalece a máxima: o povo tem o governo que merece e na democracia a vontade da maioria sempre vence.

WILSON FUÁ é economista

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