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Cuiabá, 04 de Julho de 2025
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11 de Novembro de 2015, 11h:23 - A | A

OPINIÃO /

O poder da retórica

O bom 'Retor' é capaz de seduzir juizes nos tribunais

HAROLDO ARRUDA



A CPI das obras da Copa tem sido um palco de inúmeras atrações. Recentememte o tão aguardado ex-presidente da Agecopa (Agência de Execução de Projetos da Copa de 2014), Éder Moraes, foi um dos envolvidos a se apresentar. Dos que se calaram, Eder Moraes foi um dos poucos que falou e disse com convicção o que, pelo menos pra ele, é a mais pura verdade.

A palavra que sai da boca do ex homem forte do Governo Silval Barbosa adquire autonomia quase ilimitada porque se desliga dos vinculos do Ser. Em sua independência, aparentemente torna-se disponível e útil pra tudo, não obstante, cabe-nos ressaltar, que esta mesma palavra pode estar contaminada com a mais ardilosa corrupção, crença, persuasão e sugestão.

Como a arte de persuadir, a retórica desfruta ao fundo as possibilidades de transformar a realidade em ilusão ou mera possibilidade. Ilusão esta que autor acredita ser em muitos casos uma verdade absoluta, incontentável

Como regra para análise dos que já foram ouvidos pela CPI das Obras da Copa, lembramos que  a retórica é alimentada pelo despreparo de quem a recebe, nesse caso de todos ou quase todos os deputados.

Immanuel Kant certamente diria que uma das suas máximas caberia muito bem ao palco da CPI, a saber; aquele que não sabe o que procura não identifica o que acha.

Como a arte de persuadir, a retórica desfruta ao fundo as possibilidades de transformar a realidade em ilusão ou mera possibilidade. Ilusão esta que autor acredita ser em muitos casos uma verdade absoluta, incontentável.

Assim a verdade (a aletheia) fica cada vez mais distante na medida em que a fina retórica, e seu conjunto de argumentos, são construidos sobre premissas falsas.

O bom "Retor" é capaz de seduzir juizes nos tribunais, conselheiros nos conselhos, deputados na assembleia, em fim em qaulquer outra reunião que se realize entre cidadãos. O Retor tem prazer na persuasão e faz deste instrumento sua arma de defesa, indução, dedução e porque não dizer abdução para tudo que possa atingi-lo.

Somente as provas apresentadas pelos envolvidos nos escâmdalos das Obras da Copa podem dar consistência as armadilhas do pensar garantindo premissas realmente váliadas, que possam garantir o extermínio da impunidade.

Lamentavelmente inventar razões tornou-se regra de sobrevivência para muitas autoridades frente a inúmeros escândalos de corrupção. Os que deveriam fiscalizar não fiscalizma e mais tarde criam CPI´s para justificar a própria incompetência, salvo os deputados que não participaram a época.

Senhores não temos problemas de valores. Temos desvios de princípios que contaminam boa parte dos poderes. Enquanto imperar a falsa retórica, seja ela promovida e paga por quem tem prazer na subversão de virtudes em vicios, nossa sociedade estará sempre contaminada por falsos Retores e condenada a conviver com mercenários sofistas. 

* Haroldo Arruda é professor doutor da UFMT e apresentador de TV

 

 

 

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