ADÍLSON ROSA
Mais do que uma campanha para tratamento da depressão nossas autoridades precisam fazer uma campanha para acabar com um mal terrível, pior que a própria doença – o preconceito contra pessoas que sofrem desse distúrbio e acabam se matando.
Hoje, o Brasil tem 27 mortes por dia de acidentes de trânsito envolvendo motocicletas. E 25 pessoas se matam porque estão com depressão e não foram tratadas adequadamente.
Somados ao final do ano, daria para encher um avião lotado. São passageiros da agonia que partiram dessa para sempre.
Seria para melhor? Partiram porque quem deveria fechar a porta do Boeing não acreditava nisso.
A desinformação é tanta que num Estado no Sul do país, uma pessoa chegava ao posto de saúde dizendo que seu coração estava “partido”.
Os funcionários diziam que o coração estava inteiro, com os aurículas e outras partes em ordem. A pessoa insistia e após a sexta consulta, acabou se matando.
É um número alto de mortes por depressão que precisa ser levado em conta e as nossas autoridades precisam providenciar uma campanha urgente de esclarecimento. Só assim, uma parte do preconceito é arrancado das pessoas.
Conhecida como o “câncer da alma”, em muitas situações ela é incompreendida pela própria família que acredita se tratar de estafa, estresse, cansado. E nunca imagina que isso seja sintomas de depressão.
Como se trata de uma doença tratada com medicamentos, muitas vezes traz efeitos colaterais. E talvez isso acabe fazendo com que muita gente desista do tratamento.
Ter depressão não é fácil – só quem tem sabe disso – e mantê-la sobre controle também é uma árdua tarefa diária.
A depressão é democrática – ela chega em pessoas de todas as cores, raças e principalmente classes sociais. E nesse caso, quem tem dinheiro consegue um bom tratamento.
E quem não tem, muitas vezes, é tachado de frescura. Pior é que mesmo em famílias abastadas, a depressão não é vista como doença.
Somente uma campanha, no estilo de combate ao HIV, pode ajudar que está doente.
ADILSON ROSA é repórter do MidiaNews.