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Cuiabá, 08 de Novembro de 2024
08 de Novembro de 2024

21 de Maio de 2024, 14h:28 - A | A

OPINIÃO / JUNIOR MACAGNAM

Navegando por águas turbulentas

JUNIOR MACAGNAM



Um grupo voltado para a educação empresarial lançou a campanha “Espécie em Extinção”, com o objetivo de mostrar a importância do empreendedor na geração de empregos e renda. No cenário econômico atual, pequenos e médios empresários enfrentam um mar de desafios
que se tornou mais complexo e multifacetado ao longo do tempo. Desafios estes que testam a resiliência e adaptabilidade desses empresários, mas que também destacam o papel crucial que desempenham na economia.

Segundo pesquisa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), cerca de metade das empresas fecham nos primeiros 5 anos de existência. Na maioria dos casos, a morte dos empreendimentos está ligada à falta de acesso às linhas de financiamentos
e capital de giro. Este é um dos gargalos que pretendemos minimizar por meio de uma parceria da CDL Cred com a Agência de Fomento do Estado de Mato Grosso (Desenvolve MT).

A concorrência no mercado também é feroz, com pequenos e médios negócios tendo que competir não apenas entre si, mas com grandes corporações e marketplaces internacionais. A inovação contínua e a melhoria da qualidade são essenciais para se manter relevante
e competitivo. Podemos mencionar também a falta de capacitação de muitos empreendedores somada ao cenário macroeconômico do país, no qual a insegurança jurídica gera um ambiente pouco propício à evolução empresarial.

Além de fatores como competitividade, crédito e qualificação, o empreendedor também precisa lidar com a elevada carga tributária, o que, por vezes, gera distorções e cenários desanimadores como a concorrência desleal. É o que ocorre com as gigantes asiáticas
do e-commerce. Por ter um regime diferenciado de taxação, essas empresas possuem maior lastro para oferecer preços atrativos ao consumidor, comprometendo as vendas do comércio tradicional.

Na última semana, o Ministério da Fazenda abriu discussão para acabar a isenção de compras internacionais de até US$ 50. Sem dúvidas, a medida tornaria a disputa mais igualitária, mas o problema é muito mais amplo. Por que não reduzir a carga de impostos para
todos em vez de aumentar? A diferença entre o remédio e o veneno está na dose, já dizia o médico e físico suíço Paracelso. Defendemos uma isonomia que parta da diminuição dos encargos, até porque a elevação da carga também pressiona o consumidor.

A atração e retenção de talentos é outro obstáculo significativo. Afinal, sem os recursos de grandes empresas, negócios de pequeno e médio portes lutam para oferecer salários competitivos e oportunidades como plano de carreira. Além disso, a digitalização não
é mais opcional, mas uma necessidade para operar eficientemente e alcançar novos mercados.

Estratégias proativas e inteligentes, planejamento financeiro rigoroso, inovação constante, investimento em talentos e a exploração de parcerias estratégicas – além de um bom jogo de cintura – são essenciais para sobreviver e prosperar.

O apoio de políticas públicas, legislação simplificada, que não transforme a reforma tributária num “monstrengo”, acesso facilitado a financiamento com recursos para capacitação, digitalização e inovação são fundamentais para garantir que nossos negócios continuem
sendo uma força vital na economia e não uma “espécie em extinção”, alavancando e garantindo o desenvolvimento, criando empregos, renda e gerando ganhos em arrecadação de impostos.

Junior Macagnam é empreendedor e presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL Cuiabá)

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