ALFREDO MENEZES
No dia 24 de agosto completam 60 anos do suicídio de Getúlio Vargas. Goste-se dele ou não, virou mito na política brasileira.
Enveredo por uma das análises históricas sobre ele.
Tem uma expressão em história que diz que não existem heróis, sim momentos heroicos. Ou que o momento faz o líder ou o herói e não o inverso.
O exemplo citado é o de Napoleão Bonaparte: se aparecesse hoje não faria o que fez. O momento que vivia o fez. Ele o entendeu e marcou seu nome na história.
Getúlio estava no lugar certo num momento certo. Sua sabedoria foi entendê-lo e seguir a corrente. Fez-se na história.
Tem um autor, Ludwig Lauerhass, que defende que o nacionalismo é que fez Vargas.
O nacionalismo é mundialmente identificado pela busca da identidade nacional, patriotismo, ataque ao regionalismo, defesa da ética e do crescimento econômico e justiça social.Vargas incorpora tudo isso.
O Brasil passava por mudança de comportamento e mentalidade. A Semana de Arte Moderna de 1922 foi um ponto de partida.
Antes a literatura nossa e até a história eram escritas do ponto de vista de Portugal. Ali começa um rompimento. Encaixa-se na busca da identidade nacional e do crescimento do patriotismo.
Ataque ao regionalismo foi a luta para diminuir o poder dos coronéis políticos nos estados. Crescimento econômico com diversificação da produção e não somente o café que enriquecia pequeno grupo.
Na justiça social, se tem as leis trabalhistas que deram guarida a tantos camponeses sem instrução que buscavam as grandes cidades por causa da iniciante industrialização.
Nacionalismo e progresso impregnam a alma nacional daquele momento. Vargas cria a Petrobrás e a Companhia Siderúrgica Nacional.
Dois fatos que davam orgulho ao brasileiro. Aliás, até hoje a Petrobras velha de guerra representa esse nacionalismo.
O momento no exterior também influencia Getúlio. Os EUA passaram por tremenda Depressão Econômica. Franklin Roosevelt cria o New Deal ou Novo Acordo em que dava alguma ajuda aos despossuídos. Exemplo que chega até o Brasil.
O comunismo na Rússia leva muitos lugares no mundo a entregar os anéis antes que o povo levassem os dedos.
Na Europa, o fascismo na Itália se dizia protetor dos trabalhadores urbanos. Criam leis para isso. Vargas segue o modelo.
A América Latina estava vivendo o populismo na politica. Vargas soube incorporar isso também.
Criou ainda, seguindo modelo do exterior, o DIP ou Departamento de Imprensa e Propaganda que trabalhou muito bem sua imagem com o rádio atingindo o país todo.
Ele tomou o poder pela força em 1930. Em 1934, uma Assembleia Constituinte o confirma na presidência.
Deu um golpe e cria o Estado Novo em 1937. Uma ditadura feroz, só sai do poder em 1945, sem ser eleito uma única vez. Mas tinha ficado no imaginário popular, ganha a eleição para presidente em 1950.
Provavelmente, porque foi o grande nome de um período do nacionalismo brasileiro.
Entendeu o momento e se beneficiou dele.