GISELE NASCIMENTO
O sol ainda não havia despontado no horizonte quando o despertador do velho celular tocou, anunciando o início de mais um dia na roça. O ar da madrugada ainda carregava o frescor da noite, e o silêncio era quebrado apenas pelo cantar de um galo distante. Levantei-me devagar, com o corpo ainda cansado do dia anterior, mas com a mente já focada nas tarefas que me aguardavam.
Na zona rural, o tempo parece correr de forma diferente. As horas são marcadas pelo ritmo da natureza, e o trabalho é ditado pelas necessidades da terra e dos animais.
Cada dia é uma nova jornada, cheia de desafios e recompensas, onde o esforço é recompensado com a simplicidade da vida no campo.
Com o café ainda fumegando na xícara, saí para o curral. O céu já começava a se tingir de tons alaranjados, e a brisa suave trazia consigo o cheiro da terra úmida. O som das vacas mugindo, impacientes para serem ordenhadas, misturava-se ao canto dos pássaros que anunciavam o amanhecer.
Aquela era a sinfonia do campo, que acordava a natureza e os homens para mais um dia de trabalho.
O serviço na roça exige paciência e dedicação. Enquanto ordenhava as vacas, lembrei-me das lições que aprendi ao longo dos anos. A primeira delas é que nada é imediato; tudo tem seu tempo, e quando aceitamos isso, vivemos menos ansiosos e preocupado.
A terra ensina a respeitar o ciclo das coisas. Não se planta hoje e colhe amanhã. Há um tempo de espera, de cuidado, e só então, de colheita.
À medida que o dia avançava, o sol se erguia no céu, tornando o trabalho mais árduo. Sob o calor implacável, plantei mudas de alface na horta, reguei as plantas que já estavam crescendo, e cuidei para que as galinhas tivessem ração e água suficiente.
O suor escorria pela testa, mas o cansaço físico era compensado pela sensação de estar construindo algo concreto, de contribuir para o ciclo da vida.
Uma das grandes lições que a vida na roça ensina é a importância de perseverar!
Há dias de seca, quando a terra parece resistir à vida, e há dias de tempestade, quando tudo parece desabar. Mas a cada manhã, o agricultor se levanta e continua, porque sabe que o esforço de hoje é a colheita de amanhã.
Ao final da tarde, quando o sol começava a se esconder no horizonte, sentei-me em um velho tronco de árvore e observei o trabalho feito. A sensação de realização era palpável. Agradeci em silêncio.
Ali, na simplicidade do campo, entendi que o verdadeiro sucesso não está em acumular riquezas ou alcançar fama, mas em viver cada dia com propósito, em valorizar cada pequeno avanço, e em reconhecer a beleza do esforço contínuo.
O dia de trabalho na roça termina, mas as lições aprendidas ali são eternas. No campo, a vida é uma metáfora para os desafios que enfrentamos em qualquer lugar.
A paciência, a perseverança, o respeito pelo tempo das coisas e o valor do trabalho duro são princípios que podemos aplicar em todas as áreas da nossa vida.
E, assim, enquanto o sol se despedia no horizonte e a noite se aproximava, uma ideia me inspirou: na vida, como na roça, os frutos mais doces são colhidos por aqueles que, com paciência e dedicação, plantam suas sementes todos os dias, regando-as com trabalho, fé e esperança.
Assim, continue fazendo seu plantio que sua colheita chegará. Tenha fé e esperança em Deus.
Gisele Nascimento é advogada especialista em direito previdenciário.