facebook-icon-color.png instagram-icon-color.png twitter-icon-color.png youtube-icon-color.png tiktok-icon-color.png
Cuiabá, 17 de Março de 2025
17 de Março de 2025

26 de Junho de 2014, 08h:26 - A | A

OPINIÃO /

Forças brasileiras

Segurança ostensiva da Copa mostra que vivemos num país violento

ROBERTO BOAVENTURA



Tudo que sei sobre as copas anteriores à que ora se realiza foi visto sob a ótica da mídia.

Como tal, com os seus exageros e omissões, não me lembro de informações que se aproximassem da dimensão da força bélica usada no Brasil. 

Claro que eventos internacionais precisam de segurança. A possibilidade de atos terroristas e ações dos black blocs, presentes desde as manifestações de junho/2013, podem ser as principais justificavas ao aparato bélico. 

Contudo, essa força ostensiva pode estar confirmando que vivemos em um país violentíssimo. A ignorância cultural/educacional de nosso povo, cultivada desde o período colonial, ajuda a explicar nosso estágio pouco civilizado. 

Mesmo assim foi desconfortável ver blindados do Exército (tanques de guerra), com atiradores preparados para qualquer coisa, em praças onde as torcidas se confraternizavam após os jogos realizados em Cuiabá.

Em muitos lugares, víamos carros camuflados, soldados com armas em punho, helicópteros... Era Copa? Era guerra? As pequenas confusões entre bêbados não justificariam aquilo tudo. 

Mas o bom (ou ruim) é que essa força sempre pode ser vista a olho nu; aliás, deve ser vista, pois o simples ato de vê-la já nos intimida. Pior é quando a força usada está em plano nem sempre perceptível e tido como tal. 

Em meu último artigo, mesmo em clima de Copa, que sempre nos faz pensar que a vida parou, eu disse que continuaria tratando do decreto n. 8243, assinado por Dilma Rousseff no último dia 26/05. 

Por si, decretos são atos agressivos; impõem força no plano do aparato legal. No caso específico, o referido decreto, já se aproveitando do clima pré-Copa, afronta a democracia, pois cria um “Sistema Nacional de Participação Social”. 

Esse “Sistema, conforme Fernão Lara Mesquita (In: “Acorda, jornalista”. Folha de São Paulo; Opinião: 11/06/2014), começa por decidir por todos nós que ‘sociedade civil’ deixa de ser o conjunto dos brasileiros e seus representantes eleitos por voto secreto... e passa a ser um grupo indefinido de ‘movimentos sociais’, convocados, pelo secretário geral da Presidência para examinar ou propor qualquer lei, política ou instituição existente ou que vier a ser criada daqui por diante em todas as instâncias e entes de governo”. 

Diante disso, o que incomodou Mesquita, com quem faço coro, foi ou a discrição ou o silêncio por parte da maioria dos jornais e televisões do país. Enquanto ao golpe militar de 64 não faltaram manchetes, entrevistas... ao golpe civil de 2014, quase nada. 

Didaticamente, Mesquita relembra que o tal decreto “é, na verdade, um excerto do Terceiro Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3), que o PT já tentou impor antes ao país também por decreto... no apagar das luzes do governo Lula”. Mesmo às vésperas do Natal de 2009, a reação da imprensa e a mobilização da opinião pública abortaram essa arbitrariedade. 

Ao todo, o PNDH-3 contém 521 propostas. Mesquita destaca as que seguem: “institui ‘comissões de direitos humanos’ nos Legislativos para fazer uma triagem prévia das matérias que eles poderão ou não processar; impõe a censura à imprensa; obriga a um processo de ‘reeducação’ todos os professores do país; veda ao Judiciário dar sentenças de reintegração de posse de propriedades ‘rurais ou urbanas’ invadidas, prerrogativa que se torna exclusiva dos ‘movimentos sociais’; desmonta as polícias estaduais para criar uma central única de comando de todas as policias do país...”. 

Resumo: tendo ou não simpatia pelos movimentos sociais, isso é inadmissível. 

>>> Siga a gente no Twitter e fique bem informado

Comente esta notícia