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Cuiabá, 14 de Setembro de 2025
14 de Setembro de 2025

27 de Agosto de 2016, 07h:55 - A | A

OPINIÃO /

Em que Mauro Mendes vai confiar?

Dilema na situação: Mauro Mendes confia em Pedro Taques

EDUARDO MAHON



Há uma enorme expectativa no ar pela participação de Mauro Mendes na eleição municipal. Junto com o governador Pedro Taques, o atual prefeito pode ser o fiel da balança nas eleições deste ano.

Tudo indica que a administração municipal foi bem avaliada e, com maior razão, com a recusa na reeleição. Fez muito bem, na minha opinião.

Os demais candidatos trataram de recolher as garras. No dia 30 de julho, Emanuel Pinheiro criticou duramente Mauro Mendes: “Cuiabá não merece alguém que se trancou quatro anos na prefeitura, faliu a saúde, comprometeu a educação e, agora a poucos dias das eleições começa, de repente, a trabalhar como se todos os cuiabanos fossem bobos”.

Portanto, ficou clara a posição do parlamentar sobre o atual alcaide: omisso, incompetente, irresponsável e oportunista. Deve ter sido um duro golpe, vindo justamente de onde menos se esperava.

As críticas da oposição não acabam aí. No dia 06 de agosto, Emanuel Pinheiro teceu novas críticas a Mauro Mendes: “Cuiabá precisa ser governada por alguém acessível, próximo do povo que não seja ausente e omisso, a cidade está carente de um político que administra e não de empresários”.

Finalmente, insinuou que o atual prefeito persegue funcionários e não os valoriza. Mas não acabou por aí. No dia da desistência à reeleição, o oposicionista Emanuel Pinheiro afirmou que Mauro Mendes: “deve estar transtornado para ter desistido da reeleição na última hora. Mas infelizmente sou a pessoa com mais autoridade para falar da decepção do povo cuiabano com essa administração. Seria muito cômodo para mim ser omisso e indicar secretários, me deleitar com as benesses do poder. Mas eu não sou um político acomodado”.

Em quem Mauro Mendes deve confiar? Sem dúvida, no governador Pedro Taques. Foi leal até o último minuto e segurou o próprio partido para não lançar candidatura própria. Seria muito conveniente permanecer neutro. De um lado, Wilson Santos fez duríssimo contraponto no passado, durante campanha eleitoral.

De outro, Emanuel Pinheiro, mesmo sendo aliado na campanha, virou-se contra o atual prefeito. Vamos refletir um instante. Na campanha, é muito natural que haja debate. O tom vai subindo ao sabor das pesquisas, infelizmente. Críticas à conduta pessoal e profissional do adversário informam ao eleitorado quem é quem.

A campanha serve para isso mesmo. Wilson Santos, como adversário, pode exercitar críticas. Seria cômico se fosse o contrário. Mas o que dizer do ex-coordenador de campanha Emanuel Pinheiro? Fico me perguntando como deve ter se sentido Mauro Mendes e sua equipe de secretários com a crítica de que faliram a saúde, perseguiram funcionários, frustraram a população e comprometeram a educação pública. Diz o ditado popular que “com amigos assim, ninguém precisa de inimigos”.

Pois bem. A refrega eleitoral entre Wilson Santos e Mauro Mendes é bem conhecida. Foi brutal. No entanto, deu-se no curso do período eleitoral. O embate aviva mágoas que podem ou não serem curadas com o tempo. Isso só o prefeito pode nos dizer. O candidato a vice-prefeito de Wilson Santos é Leonardo Oliveira, do mesmo partido do prefeito, sobrinho de um ícone mato-grossense, Dante de Oliveira que é o nome da coligação tucana.

Um dos mais influentes secretários de Mauro Mendes é Kleber Lima, coordenador de marketing e comunicação da campanha de Wilson Santos à prefeitura. Passaram-se anos do tormentoso embate político entre os líderes e o tempo os fez reaproximarem-se sob o guarda-chuva de Pedro Taques, amigo de ambos. Vejo mais afinidades entre Mauro Mendes e Wilson Santos do que o desgaste pessoal e político do prefeito com Emanuel Pinheiro que acabou por apontar como “maria vai com as outras”. Afinal de contas, de um adversário declarado (como era Wilson Santos) espera-se muita coisa. Mas de um aliado (Emanuel Pinheiro), uma traição é imperdoável.

Acredito que essa eleição vai evidenciar dois grandes grupos, em Cuiabá. De um lado, com apoio integral de Carlos Bezerra, o candidato Emanuel Pinheiro que apoiou Silval Barbosa no governo e, mais recentemente, o senador Wellington Fagundes, único mato-grossense na Câmara Alta a se inclinar em favor da petista Dilma Rousseff. De outro, Wilson Santos sendo avalizado por Pedro Taques, tendo se ladeado a Nilson Leitão que empunhou a bandeira do impeachment, protagonizando na oposição nacional ao petismo.

E Mauro Mendes? Para onde vai? Do meu ponto de vista, a única posição impensável do atual prefeito é a de não ter posição. Saindo do governo com a aprovação do funcionalismo e da população, não vejo o fim da carreira política do alcaide. Ele vai precisar de uma larga base para o futuro. Com quem contar? Em quem confiar? Num antigo adversário declarado em campanha eleitoral ou num “aliado” que se virou contra ele?

Não vejo grande dilema na situação: Mauro Mendes confia em Pedro Taques e, portanto, recomendará o voto em Wilson Santos. Quanto maior a estatura e maturidade política do homem público, maior é probabilidade de escolher acertadamente como será lembrado. Ser lembrado varia muito dos aliados que se escolhe para entrar na história.

EDUARDO MAHON é advogado

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