facebook-icon-color.png instagram-icon-color.png twitter-icon-color.png youtube-icon-color.png tiktok-icon-color.png
Cuiabá, 21 de Julho de 2025
21 de Julho de 2025

25 de Outubro de 2016, 12h:00 - A | A

JUDICIÁRIO / OPERAÇÃO SODOMA

Ex-secretário diz que dono da Tractor Parts mentiu sobre esquema

Segundo o ex-secretário de Estado de Fazenda, o empresário mentiu ao dizer que não sabia das irregularidades cometidas por Pedro Nadaf para conceder incentivos fiscais indevidos à suas três empresas.

CELLY SILVA
DA REPORTAGEM



O ex-secretário de Estado de Fazenda Marcel de Cursi, em reinterrogatório prestado na manhã desta terça-feira (25), fez uma série de acusações ao empresário e delator da operação Sodoma, João Batista Rosa, dono da Tractor Parts, que teria mentido em grande parte de suas declarações à Justiça para escapar da condição de réu e se tornar colaborador.

Marcel de Cursi se apresentou perante a juíza Selma Rosane Santos Arruda, na Sétima Vara Criminal de Cuiabá, com um calhamaço de papéis, documentos oficiais da Secretaria de Estado de Fazenda (Sefaz) e da Controladoria Geral do Estado (CGE) que comprovariam que ele não tem responsabilidade nas irregularidades cometidas na concessão de incentivos fiscais às empresas de João Rosa.

De acordo com um relatório de auditoria, uma lista de nomes de possíveis responsáveis pelas fraudes foi elencada pelo governo, e o nome de Marcel de Cursi não consta nesse documento, mas sim o de Valério Francisco Peres de Gouveia, ex-secretário-adjunto de Desenvolvimento da antiga Secretaria de Estado de Indústria, Comércio, Minas e Energia (Sicme), que era chefiada por Pedro Nadaf, na gestão do ex-governador Silval Barbosa.

Marcel de Cursi reclamou do fato de Valério nunca ter sido interrogado no âmbito da ação penal porque, segundo Marcel, foi ele o responsável por fazer operações irregulares que beneficiaram João Batista Rosa. Valério teria sido, inclusive, “plantado” no Conselho Estadual de Desenvolvimento Empresarial (Cedem), que delibera sobre a política de incentivos.

Após sair do serviço público, Valério teria sido contratado por João Batista Rosa, com um salário de R$ 5 mil mensal, mas o empresário teria dito aos delegados da Delegacia Especializada em Crimes Fazendários e Contra a Administração Pública (Defaz) que não tinha qualquer relação com Valério, que seria subordinado de Pedro Nadaf, na Fecomércio.

O ex-secretário de Fazenda também mostrou documentos que comprovariam que ele jamais assinou um manuscrito que foi imputado a ele pelo Mistério Público, onde constariam orientações dele para João Batista Rosa, o responsável por essas orientações seriam todas feitas por Pedro Nadaf.

“Eu não sou mentor de nada. Eles é que materializaram tudo. (...) Se existiu alguma organização criminosa, ela foi liderada pelo senhor Pedro Nadaf, segundo as próprias confissões dele”, disse o ex-secretário.

Segundo Cursi, a Sefaz também nunca votou a favor da concessão de incentivos fiscais às empresas de João Rosa dentro do Cedem. Cursi salientou que essa postura chegou a ser elogiada na auditoria feita pela atual gestão pois, por conta disso, recursos teriam sido assegurados nos cofres públicos. 

De acordo com a defesa de Marcel de Cursi, patrocinada pelos advogados Goulth Valente e Marcos Dantas, o ex-secretário decidiu se manifestar a respeito de acusações que foram imputadas a ele nas confissões d ex-chefe da Casa Civil, Pedro Nadaf, que afirma que Marcel era o “mentor intelectual” da organização criminosa, até mesmo em outras ações penais onde ele não figura como réu, como é o caso da operação Seven, que apura fraudes na desapropriação de uma área pertencente ao Parque Estadual Águas do Rio Cuiabá, na região do Manso. 

Também no âmbito da operação Seven, Marcel de Cursi foi citado na delação premiada do ex-presidente do Instituto de Terras de Mato Grosso (Intermat), Afonso Dalberto, que teria sido abordado por Cursi dentro do Centro de Custódia de Cuiabá (CCC) e advertido sobre um pacto de silêncio. Marcel teria dito a Afonso para “aguentar a pressão” e que “morresse negando” sem falar nada do que sabia pois delação premiada era “a maior fria” e “a pior coisa do mundo”. Cursi teria até mesmo orientado Afonso a nem sempre ouvir seus advogados e que estudasse a fundo seu processo a fim de se defender pois essa era a estratégia que ele estava adotando. 

Comente esta notícia