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Cuiabá, 05 de Maio de 2024
05 de Maio de 2024

31 de Janeiro de 2022, 10h:10 - A | A

GERAL / RELATOS DE TORTURA

Ledur para soldado: “Você está louco? Aluno encostando em oficial”

Maurício Santos acusa a tenente Izadora Ledur de ter lhe torturado durante o 15° Curso de Formação do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso.

DAFFINY DELGADO
DA REDAÇÃO



O ex-aluno do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso, Maurício Júnior dos Santos, afirmou em entrevista ao RepórterMT, não acreditar que o desfecho do seu processo por tortura supostamente cometidos pela tenente Izadora Ledur, durante o 15° Curso de Formação seja diferente da sentença proferida pela Justiça Militar no caso do Rodrigo Claro.

"Ele morreu e ela ficou livre. Estou vivo, então não tenho muita confiança na Justiça do nosso país", desabafou.

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Na sexta-feira (21), Ledur foi denunciada pelo Ministério Público do Estado (MPE) por práticas de tortura contra Maurício durante o curso de formação dos bombeiros. Esse é o segundo processo que ela vai responder pelo mesmo crime. 

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Consta na denúncia que após alguns “caldos”, já sem forças para emergir e respirar, depois de ter engolido muita água e gritado por socorro, o aluno segurou os braços de Ledur implorando para que ela cessasse a atividade. No entanto, ela repreendeu o aluno gritando: “Você está louco? Aluno encostando em oficial”.

De acordo com o documento assinado pelo promotor Paulo Henrique Amaral Motta, durante um dos dias de treinamento, realizado na Lagoa Trevisan, em Cuiabá, "a denunciada passou a torturar física e psicologicamente a vítima, quando, além de proferir palavras ofensivas, utilizando a corda da bóia ecológica iniciou uma sessão de afogamentos, submergindo-a por diversas vezes".

Em sua entrevista, o jovem disse ser muito difícil relembrar de tudo que aconteceu e enfatizou que se ele está vivo hoje foi porque desistiu do curso.

"O meu caso é muito semelhante ao do Rodrigo Claro, o que ele passou eu passei da mesma forma, a única diferença é que com o Rodrigo ela fez as sessões de afogamento durante a travessia da lagoa e comigo ela fez parada. E é aquela história que eu sempre digo, se hoje estou vivo é porque sai antes que algo pior tivesse acontecido. Era para ter sido eu no lugar do Rodrigo. É algo assim muito difícil de ficar relembrando", contou.

Consta na denúncia que após alguns “caldos”, já sem forças para emergir e respirar, depois de ter engolido muita água e gritado por socorro, o aluno segurou os braços de Ledur implorando para que ela cessasse a atividade. No entanto, ela repreendeu o aluno gritando: “Você está louco? Aluno encostando em oficial”. 

E as sessões de afogamento só se encerraram quando a vítima perdeu a consciência.

Logo em seguida, a militar exigiu aos gritos que ele retornasse para a água. 

"Por sentir fortes dores de cabeça, temendo por sua vida, a vítima não retornou às atividades aquáticas".

Para o promotor, "a autoria do crime de tortura encontra-se robustamente demonstrada, por força do contido nos documentos acima mencionados".

Maurício disse que desistiu do curso faltando pouco mais de um mês para a conclusão e após ter sido aprovado em todas as outras disciplinas. 

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Ele ressaltou que ficou feliz com o andamento do processo, pela denúncia feita pelo MP, mas confessou que não tem esperança que receberá a Justiça merecida.

"Fiquei bem contente com o que foi passado pelo MP e ali conta tudo exatamente como aconteceu. Agora é só esperar e ver o que vai ser feito, mas para ser bem sincero, não tenho muita esperança. Depois de tudo que aconteceu no ano passado, tudo que vivenciamos nesses quase seis anos de audiências né, onde ela sempre consegue escapar, adiar, o desfecho final que teve o caso do Rodrigo sendo que ele morreu por causa desse treinamento. Então assim, eu confio muito pouco na Justiça, principalmente, na militar", desabafou.

Caso Rodrigo Claro

Rodrigo Claro morreu no dia 10 de novembro de 2016, após ser submetido a uma sequência de afogamentos (conhecidos como caldos), durante o 16º Curso de Formação de Bombeiros.

Na época, ela também foi denunciada pelo MPE. Ano passado, Justiça Militar livrou a tenente da acusação de tortura com resultado em morte.

Ledur foi condenada apenas por maus-tratos pela morte do aluno e pegou uma pena branda, de um ano em regime aberto. Além disso, ela permanece na corporação, no mesmo posto.

 

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marcia 31/01/2022

como sera que ela foi tratada durante o curso que ela teve que fazer?

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Maria Auxiliadora 31/01/2022

É possível imaginar o tipo de ambiente moldou a mente tão covardemente cruel dessa mulher. Ela só entrou para escola do corpo de bombeiros para satisfazer sua psicopatia e não ser punida.

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2 comentários

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