KEKA WERNECK
DA REDAÇÃO
As cinco vítimas do ex-prefeito de Dom Aquino, Eduardo Zeferino (PR), condenado a 34 anos e seis meses de prisão pelo crime de estupro de vulnerável entre os anos de 2005 e 2008, enfrentam até hoje graves sequelas emocionais.
"Ele 'brincava de vaquinha' com ela. Você pode imaginar o que acontecia. Ele passava a mão nela e aconteciam mais algumas coisas que não sei dizer direito o que era”
É o que afirma o padrasto de uma das meninas, que tem contato com todas as outras vítimas.
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A enteada dele, no período dos crimes, tinha menos de 10 anos. Ele relata que, embora hoje a menina seja uma universitária, ela tem recaídas de depressão e crise de choro e, sempre que recebe alta do atendimento psicológico, precisa retomar as sessões para se equilibrar.
“O estupro, com penetração de pênis ou não, sempre agride uma criança”, assegura o engenheiro Edimício de Lima, de 58 anos. “No caso da minha enteada, não houve isso, mas ele 'brincava de vaquinha' com ela. Você pode imaginar o que acontecia. Ele passava a mão nela e aconteciam mais algumas coisas que não sei dizer direito o que era”.
“O estupro, com penetração de pênis ou não, sempre agride uma criança”
A enteada dele é sobrinha, por parte de pai, da mulher que morava com o ex-prefeito e por isso a menina frequentava a casa deles, assim como a filha biológica do engenheiro.
“Minha filha também passou por isso e na época dos crimes tinha somente 5 anos”, destaca.
A filha dele é uma das 11 crianças que a polícia civil suspeita de também tenham sido vítimas do ex-prefeito, mas ficaram fora do processo.
Das cinco que o levaram à condenação, três são sobrinhas dele.
As outras crianças envolvidas no caso, todas elas com idades entre 7 e 11 anos, conforme a Polícia, faziam parte do projeto social criado pelo prefeito, denominado Batutinha. O projeto incluía cinema, reunião com cachorro quente e outras atividades atrativas.
O caso abalou muitos lares de Dom Aquino, conforme Edimício. Como a cidade é pequena, a história correu de boca em boca, segundo ele expondo os pais, parentes, amigos e principalmente as crianças, que se envergonham do que aconteceu e tentam superar o trauma.
As outras crianças envolvidas no caso, todas elas com idades entre 7 e 11 anos, conforme a Polícia, faziam parte do projeto social criado pelo prefeito, denominado Batutinha.
“Quero que ele pague pelo que fez e um conselho que dou aos pais é que com criança nunca se deve confiar em ninguém, nem mesmo em parentes e isso não vale apenas para meninas e sim também para meninos".
“Quero que ele pague pelo que fez e um conselho que dou aos pais é que com criança nunca se deve confiar em ninguém, nem mesmo em parentes e isso não vale apenas para meninas e sim também para meninos. É a lição que fica”, lamenta.
Na época do crime, a esposa dele ficou tão revoltada que falava em matar o ex-prefeito, que chegou a ameaçar a família do engenheiro. “Mas eu não tenho medo de nada, moro na mesma cidade, na mesma casa, tenho o mesmo emprego”, afirma. Desde que o processo começou a tramitar, as ameaças cessaram.
A condenação é da juíza Maria Lúcia Prati, da Primeira Vara da Comarca de Dom Aquino.
A defesa do ex-prefeito vai recorrer contestando que, na época dos crimes, este tipo de ocorrência se configurava como atentado violento ao pudor. Mas lei mudou, por isso o réu deste processo está sendo mais duramente enquadrado.
O processo corre em segredo de Justiça.
O ex-prefeito, que sempre negou as acusação, chegou a ser preso, a pedido do Ministério Público Estadual (MPE), que apurou o caso, mas conseguiu habeas corpos.
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