MARCIO CAMILO
DA REDAÇÃO
O cabo Gerson Correa confessou à Justiça que violou medidas cautelares ao frequentar a casa de show Malcom Pub, na Avenida Miguel Sutil, em Cuiabá, no último dia 30 de agosto. Ele pede para não ser preso novamente, com base nos princípios da “razoabilidade e proporcionalidade”.
Gerson é réu confesso no processo que investiga um esquema de grampos ilegais no Estado. Ele é considerado pelo Ministério Público Estadual (MPE) peça chave para desvendar o esquema que interceptou ilegalmente políticos, jornalistas e advogados, de 2014 a 2017.
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Em sua defesa – protocolada na 11ª Vara Criminal de Cuiabá – o cabo argumentou que foi ao Malcom para buscar a sua esposa depois de um desentendimento entre os dois.
“Foi uma ríspida discussão familiar ocorrido com sua esposa horas antes na residência do casal, e que culminou com a ida dela naquele estabelecimento, sem portar qualquer documentação e sem dinheiro, totalmente despontada e com nervos à flor da pele”, justificou a defesa do militar, patrocinada pelo advogado Neyman Augusto Monteiro. O documento não dá detalhes do motivo da briga.
O cabo afirma que entrou no estabelecimento por volta de uma 1h30 e ficou no local por cerca de uma hora com o objetivo de levar a esposa para casa.
"Esse episódio, infelizmente, instigou o deslocamento imediato, impensado e desastroso do acusado em companhia de um casal de amigo da família até o local (Malcon Pub) para acalmar os ânimos da sua esposa, remover as ideias despontadas e buscá-la daquele ambiente, a todo custo. E isso de fato aconteceu", enfatiza a defesa.
"Esse episódio, infelizmente, instigou o deslocamento imediato, impensado e desastroso do acusado em companhia de um casal de amigo da família até o local (Malcon Pub) para acalmar os ânimos da sua esposa", diz a defesa do cabo
Em setembro, quando o MPE denunciou a violação das cautelares, a defesa do cabo Gerson chegou a negar a ida dele à casa de shows. No entanto, o documento afirma que foi necessário reconhecer o erro, pois a verdade “sempre é o melhor caminho a seguir”.
"Os argumentos narrados anteriormente na tentativa de desfazer a ida do acusado à casa noturna Malcom Pub, na noite do dia 30.08.18, não serão levado adiante pela defesa, notadamente pelo acusado, por entendermos que proferir a verdade sempre é o melhor caminho a seguir, bem como a manutenção da verdade".
A defesa destacou ainda que Gerson tem colaborado com a Justiça, principalmente com as informações sobre os grampos ilegais operados em Mato Grosso, "no sentido de identificar todos os autores e as circunstâncias dos fatos".
Apesar da violação da medida cautelar, a defesa pede que Gerson continue respondendo ao processo em liberdade, "pelos motivos e fato exposto, invocando a confissão, aliados aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade impõe-se a manutenção da liberdade ao acusado".
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