G1
DA REDAÇÃO
Vivienne Harr é uma garota norte-americana que, além de estudar e brincar como qualquer outra criança de 10 anos, também gosta de empreender. De uma banquinha de limonada na rua de casa, em Marin County, Califórnia, a menina criou, com ajuda dos pais, uma empresa que tem dez funcionários e conseguiu faturar US$ 100 mil nos seis primeiros meses.
O negócio cresceu tanto em um ano que o pai da garota deixou o emprego para coordenar o que hoje é a empresa e fundação Make a Stand (expressão que significa "tome uma posição").
Orgânicos e produzidos nos moldes do comércio justo (fair trade), os sucos de Vivienne têm parte do lucro com as vendas doado a entidades de combate à escravidão infantil. “Nosso negócio é chamado de ‘empresa de finalidade social’. Não usamos ingredientes vindos de pessoas que trabalhem de forma contrária ao nosso pensamento, em condições injustas”, diz Vivienne.
As limonadas são oferecidas em garrafas de vidro e, diferente de tudo o que se encontra à venda, não têm preço definido. Cabe ao consumidor escolher quanto quer pagar. Hoje, elas são vendidas em 152 supermercados em toda a costa oeste dos Estados Unidos e no Texas.
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Vivienne garante que o suco é delicioso. A receita foi passada pela família, que vem fazendo limonadas por “centenas de anos”, de acordo com ela. Com menos açúcar, o sabor é um pouco azedinho.
Como tudo começou
No primeiro dia em que Vivienne montou sua barraquinha, em 2012, faturou US$ 100 com as limonadas feitas com a ajuda da mãe.
Depois disso, o faturamento cresceu a uma velocidade tão grande que, em seis meses, a garota atingiu os US$ 100 mil. O valor foi doado para uma entidade que luta contra a escravidão infantil, a Not For Sale (que significa "não está à venda").
“Quando Nicholas Kristof escreveu sobre nós, tudo mudou. As mídias sociais fizeram toda a diferença – o Twitter, principalmente. Sem o Twitter, eu teria feito US$ 100 e alcançado nossa vizinhança. Em vez disso, eu fiz US$ 100 mil e atingi o mundo todo. Isso significa que você não precisa ser grande ou poderoso para mudar o mundo”, conta.
Com a ajuda da família e de parceiros, Vivienne conseguiu arrecadar US$ 1 milhão e deu início à empresa Make a Stand. De acordo com o pai da garota, Eric Harr, 5% do lucro bruto vai para a fundação Make a Stand, que doa a quantia para as organizações de combate à escravidão infantil de todo o mundo.
“Não podemos doar tudo, porque nós temos que pagar pessoas, comprar os ingredientes e tal. Mas temos esperança de conseguir doar ainda mais”, diz Vivienne. O lucro da empresa não é informado.
A garota decidiu lutar pela causa depois que seus pais mostraram fotos de dois garotos escravos, contrariando o que ela havia aprendido nos livros.
“Achei que isso tinha acabado com Abraham Lincoln [presidente americano que aboliu a escravidão no país no século 19]. Fiquei triste ao saber que estava enganada. Não é certo que as crianças trabalhem assim. Elas deveriam estar brincando. Então, decidi fazer alguma coisa. Eu queria ajudar. A única ‘experiência de negócio’ que tinha era uma barraca de limonada, então fiz o que sabia! Quem podia imaginar que isso iria tão longe? Estou muito feliz por ter ido. Grandes coisas têm pequenos começos”, afirma a menina.
Atleta, cantora e poeta
Como a maioria das crianças, Vivienne gosta de brincar com as amigas e especialmente com seu irmão mais novo – também melhor amigo. Eric Harr disse que a filha é muito doce e apaixonada. Além do seu trabalho social, Vivienne é corredora e nadadora. Já participou de provas como a Deepsea Race e a Keiki Dash no Ironman, voltada para crianças. Nas poucas horas vagas, a garota ainda desenha e escreve poesia.
Vivienne não vai à escola, é educada em casa, no chamado “homeschooling”. Sua mãe é dona de casa em tempo integral e o esquema de trabalho do pai é “home office”. “Somos extremamente próximos. Nunca deixamos ninguém de lado”, diz Harr.
Fama e futuro
Em novembro do ano passado, o mundo conheceu o projeto de Vivienne. Ela foi escolhida para tocar o sino que marcou a estreia das ações do Twitter na Bolsa de Valores de Nova York, ao lado do ator do filme Star Trek Patrick Stewart.
A menina contou que a experiência foi incrível. “O homem que me levou até o pódio, o presidente da bolsa, disse: ‘Ok, querida, agora você tem cem milhões de pessoas te assistindo. Vai dar tudo certo!’ Nessa hora eu pensei: ‘Caramba!' Mas eu fiz o que deveria”, relembra.
Apesar de liderar esse grande projeto, que se transformou em uma empresa, a garota diz que não sabe ainda o que “será quando crescer”. “Acho que não penso sobre isso. Estou só tentando aproveitar esse momento e ajudar o máximo de pessoas que conseguir. Acho que, no final, tudo vai funcionar bem.”