Deputada Luciane volta a atacar VLT e suposta propina

ANA ADÉLIA JÁCOMO

A deputada estadual Luciane Bezerra (PSD) voltou a afirmar que há irregularidades na licitação do VLT (veículo leve sobre trilhos), que está sendo implantado em Cuiabá e Várzea Grande com vistas à Copa do Mundo, que ocorre em 2014. Para ela, o consórcio Mendes Júnior só não venceu o certame por conta de suas denúncias. No entanto, ela disse que a empresa é uma das responsáveis pela construção da Arena Pantanal, e que isso demonstraria um grande acordão.

“Há muito tempo eu disse à sociedade que havia indícios de irregularidade. Como eu saberia que o consórcio ganhador seria justamente o formado pelas três empresas da Mendes Júnior, que se concretizou no contrato do RDC? Então, eu sabia do que estava falando. A Mendes Júnior só não ganhou o consórcio pra fazer o VLT porque eu denunciei”.

“E foi justamente a Santa Bárbara, que é sócia da Mendes Junior na Arena Pantanal quem ganhou, ou seja, tem ligação sim. Só que eu não tenho provas, só sei por que me contaram. Mas tudo que eu falei aconteceu e eu estava querendo evitar que Mato Grosso fosse motivo de escândalo nacional”, disse a deputada.

O Estado ganhou o estudo de viabilidade de implantação do modal da empresa portuguesa Infinity, na época representada por Rowles Magalhães, que foi nomeado assessor especial do vice-governador Chico Daltro (PSD) em abril deste ano. Luciane afirmou que as gravações feitas pelo portal UOL, que denunciaram um esquema de propina na ordem de R$ 80 milhões, comprovam todo o esquema, que ela vem denunciando há cerca de um ano. Leia mais aqui.

“O próprio Rowles disse nas gravações do UOL que a Portuguesa era pra ganhar, mas não ganhou justamente porque eu também disse que era muito estranho o Estado ganhar um estudo de R$ 14 milhões. Como isso foi amplamente divulgado, o Ministério Público e a imprensa nacional ficaram esperando o resultado”.

A deputada afirmou ainda que a imprensa de Mato Grosso não deu importância às denúncias de irregularidade que ela vinha fazendo, mas que foi procurada pelo portal e que, na oportunidade, contou tudo que sabia sobre o esquema da licitação do VLT. Ela disse que parte da imprensa de Cuiabá é manipulada por interesses escusos.

“Tudo que eu falei não surtiu o efeito, porque infelizmente alguns membros da imprensa de Cuiabá ainda são manipulados. Fui procurada pelo UOL e contei tudo que eu sabia, e em parceria com o Ministério Público, chegaram a essas provas. A minha parte eu fiz, não falei ao vento. Agora, o governador e o presidente da Assembleia não vão gostar mesmo, porque na minha opinião está todo mundo no mesmo pacote”, acusou ela, se referindo ao governador Silval Barbosa (PMDB) e o presidente da Assembleia Legislativa José Riva (PSD).

EXPLICAÇÕES

A deputada disse que o colega Emanuel Pinheiro (PR) pediu que Daltro e Rowles fossem à Casa para explicarem melhor as denúncias de propina. Mas para ela, o ex-secretário da Secopa Eder Moraes (PR) deveria comparecer também, já que ele teria organizado todo o processo licitatório. Além disso, a deputada continua denunciando de que as planilhas elaboradas por Eder teriam sido superfaturadas, justamente para que pudessem fazer a redução fiscal sem onerar o valor total.

“Havia um acordão e o Rowles fez a articulação toda, mas quando se fala em VLT, tem que chamar o vice-governador, o Rowles, mas também precisa chamar o senhor Eder Moraes, porque ele participou de tudo. Quando ele saiu já tinha deixado tudo encaminhado, ele participou da planilha, e tive informações que estavam superfaturando essa planilha justamente para conseguir baixar o valor com a isenção do ICMS, tudo isso eu falei na tribuna, mas ninguém deu atenção ao que eu falei”, lamentou ela.

PREVISÃO

Para a deputada, o VLT não ficará pronto a tempo e o consórcio VLT Cuiabá, responsável pela implantação do modal  - formado pelas empresas CR Almeida S/A Engenharia de Obras, Santa Bárbara, CAF Brasil Indústria e Comércio, Magna Engenharia LTDA e Astep Engenharia LTDA) - irá conseguir reverter na Justiça a punição prevista no contrato, que trata-se de uma multa diária por atraso na entrega da obra.

“O VLT não fica pronto pra Copa, pode se tornar um elefante branco porque a empresa não vai conseguir cumprir o contrato e não vai pagar multa nenhuma. Eles vão entrar na Justiça e ficar sob liminar”, previu ela. Quanto às outras obras de mobilidade urbana, como construção de viadutos e trincheiras, a deputada afirmou que está satisfeita com o andamento. “As outras obras da Copa estão de parabéns, estão ótimas, mas em relação ao VLT...”.