ANA ADÉLIA JÁCOMO
O vice-prefeito eleito de Cuiabá João Malheiros (PR) conseguiu roubar a cena durante cerimônia de diplomação dos eleitos, que ocorreu nesta quarta-feira (19) no Centro de Eventos do Pantanal. Anunciando implicitamente sua desistência do cargo , ele afirmou que está avaliando a possibilidade de voltar à Assembleia Legislativa e deixar o futuro presidente da Câmara – que será escolhido nos próximos dias - assumir o controle do município junto com o prefeito Mauro Mendes (PSB).
Agora, com o anúncio de Malheiros, Cuiabá pode ter o vereador Júlio Pinheiro (PTB) como vice-prefeito, ou Onofre Júnior (PSB). João Emanuel (PSD) encontrará resistências para viabilizar-se como presidente da Câmara, pois fez oposição a Mendes durante o pleito. O próprio Malheiros sinalizou para o fato de haver esforços para eleger um representante do legislativo da base aliada de Mendes.
“Ainda não entrei nesse detalhe, mas acho que é democrático deixar para os vereadores decidirem quem será o novo presidente da Câmara, já que ela é o poder auxiliar do prefeito. Na minha opinião, o presidente tem que ser da base que apoiou o prefeito durante a campanha”, disse ele, numa possível alusão a João Emanuel, genro do presidente da Assembleia Legislativa José Riva (PSD).
CLARAS AMBIÇÕES
O republicano disse que pensa em retomar seu mandato de deputado, que durará mais dois anos, porque não sabe ao certo o papel que terá como vice de Mendes. Segundo ele, o que está em jogo são os interesses da cidade e não do grupo político. No entanto, questionado se o fato de o prefeito ter fama de centralizador influenciou em sua iminente decisão, Malheiros admitiu e disse que até dia 30 deste mês anunciará se irá voltar à AL.
“Esses últimos dias tem sido de muita conversação. Tenho muita afinidade com o Estado e pode ser que na Assembleia eu possa ajudar mais a Cuiabá. Ainda não tomei a decisão, mas até fim do mês decidirei. Eu não disse que o Mauro é centralizador, mas de repente é isso, sim. Se eu for vice-prefeito serei o que? Temos que discutir isso. Todo mundo sabe e tem perspicácia para entender e saber como realmente como as coisas funcionam”, declarou.
Breve em suas respostas, Malheiros disse que a função de vice-prefeito pode ser secundária, pois um deputado estadual está mais próximo do governador, sendo que a tendência é que apenas o prefeito exerça o mandato. Ele negou que esteja pleiteando mais espaço para seu grupo político. “Não quero secretaria, mas o PR tem sete deputados, será que como deputado não ajudo mais do que como vice-prefeito? Quem dirige a prefeitura é o prefeito, não é o vice”.
edesio do carmo adorno 19/12/2012
Depois de uma soneca, eis que João Malheiros se desperta para a nova realidade que o cerca. Finalmente ele descobriu que ser vice de Mauro Mendes é menos importante e significativo que ser deputado estadual, a começar pelo salário e penduricalhos. Cada parlamentar movimenta algo em torno de R$ 65 mil/mês. Fora a questão salarial, o vice-prefeito de Cuiabá não tem atribuições especificas. Vive da expectativa de poder. Malheiros acreditou que Mauro seria candidato a governador e assim teria dois anos de mandato com a possibilidade de reeleição. A possibilidade de Mauro ser candidato a governador ainda existe, porém é uma miragem que para se aproximar vai depender de sua administração e de uma séria de outros fatores alheios ao seu controle. Política é assim. Na dúvida e sabendo que Mauro não vai abrir as pernas e nem os cofres, além de ser um gestor enérgico e centralizador, então a melhor alternativa para Malheiros ter uma sobrevida na política é permanecer na Assembleia Legislativa, onde transita com facilidade.
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