MARCIA MATOS
DA REDAÇÃO
Apesar de ter cassado o mandato do vereador João Emanuel (PSD), nesta sexta-feira (25), após quatro meses de um processo que investigou a quebra de decoro parlamentar, a Câmara Municipal de Cuiabá ainda estaria longe de limpar a imagem da Casa.
Pelo menos esta é a opinião do jornalista e analista político Onofre Ribeiro, que em entrevista ao RepórterMT, comparou o Legislativo cuiabano a uma estrada, que precisasse arrancar árvores de suas margens.
“ Imagina uma estrada que tenha um tronco de árvore caído atravessado. Você tira o tronco. Aparentemente, ficou limpa, né? Mas e se ao longo da estrada tiver cheia de troncos caindo? Você tem primeiro que limpar a beirada, para depois limpar a estrada. É o que está acontecendo na Câmara. Eles não limparam a imagem de jeito nenhum. Eles resolveram uma situação que estava pesando, mas não limpou. A imagem da Câmara, para limpar vai levar anos”, declarou Onofre.
Para o analista político, o principal problema da Casa é que seus membros não realizam de fato o papel para o qual foram eleitos, usando os próprios eleitores como ‘fachada’.
“Primeiro: a Câmara não tem projeto para a sociedade. Segundo: não tem plano de trabalho. Terceiro: os partidos não têm autoridade em cima dos vereadores e quarto: ali se tornou como todo parlamento no Brasil. Se tornou uma casa de negócios e o povo é mera justificativa para eles fazerem negócio”, frisou.
Onofre pontua que a solução em limpar a imagem da Casa, não seria apenas cassar outro vereador que esteja sob suspeita de irregularidade administrativa, como é o caso do presidente da Mesa Diretora, vereador Júlio Pinheiro (PTB), mas sim uma reforma nacional no sistema político.
“Digamos que Júlio Pinheiro viesse a ser cassado, uma hipótese, também não muda nada. Continua a mesma imagem ruim. Tem que mudar mesmo é com uma reforma política para mudar o sistema político brasileiro”, ressaltou.
De acordo com o histórico de outras cassações de vereadores, da Câmara de Cuiabá, em mandatos anteriores, como Ralph Leite e Lutero Ponce, o analista acredita que a cassação de João Emanuel não tira efetivamente o vereador da Casa. Para Onofre, a partir de agora se dará uma briga judiciária que só terá fim ao termino do mandato.
“Ele volta, assim como os outros. A Justiça os retornou mil vezes. A cassação vira agora uma grande ação judicial de perde e ganha até o final do mandato. Isso não serviu de nada, só resolveu um problema exposto, mas a Câmara continua exposta”, analisou.
Pedro Felix 26/04/2014
Parabéns analista. Aquilo é um covil de cobras e não vai mudar se não houver uma reforma política. Mas ela não vem, porque não interessa a classe política. A única saída que vejo é o povo na rua pressionando. Mas quando será? No mais, se a maioria votasse nulo, seria uma outra forma interessante de protesto. Saídas existem.
1 comentários