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Cuiabá, 10 de Outubro de 2025
10 de Outubro de 2025

10 de Outubro de 2025, 10h:41 - A | A

POLÍCIA / EFEITO ZAMPIERI

Relatório da PF aponta Fource como núcleo central do esquema de venda de sentenças

Relatório da Polícia Federal investiga atuação da empresa e dos empresários Haroldo Augusto Filho e Valdoir Slapak; envolvimento com filha de ministro do STJ também é apurado

VANESSA MORENO
DO REPÓRTERMT



Relatório parcial da Polícia Federal nas investigações da Operação Sisamnes, que apura um esquema robusto de venda de sentenças, apontou que o núcleo central do grupo criminoso é ocupado pela empresa Fource Gestão de Recursos, de Cuiabá, e seus sócios Haroldo Augusto Filho e Valdoir Slapak. Além disso, a PF pediu ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Cristiano Zanin autorização para aprofundar as investigações sobre o esquema no Superior Tribunal de Justiça (STJ), a fim de apurar o envolvimento dos empresários com a advogada Catarina Buzzi, filha do ministro do STJ Marco Buzzi.

De acordo com a coluna do jornalista Aguirre Talento, do Estadão, a Polícia Federal apontou que Haroldo tinha “influência direta” nos gabinetes do STJ e relacionamento pessoal com Catarina. Além disso, ele contratava para serviços ilícitos o lobista Andreson de Oliveira Gonçalves, que mora em Primavera do Leste, e o advogado Roberto Zampieri, assassinado em dezembro de 2023, em Cuiabá. Vale lembrar que uma devassa feita no celular de Zampieri após a morte dele é que o esquema da venda de sentenças foi revelado. 

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Em julho deste ano, o Estadão já havia informado que a PF apurava vínculos de Haroldo com familiares do Ministro Marco Buzzi, tentando inclusive organizar um jantar entre eles. O Estadão informou ainda que o escritório de advocacia de Catarina Buzzi funcionava em um imóvel pertencente à Fource. Segundo a filha do ministro, ela pagava o aluguel da sala.

Agora, o relatório da PF revelou também que Haroldo e Valdoir identificavam processos de interesse econômico da empresa Fource e acionava Andreson e Zampieri. O advogado era responsável por intermediar, organizar as demandas, ajustar encaminhamentos e articular contatos externos.

Já o lobista atuava em Brasília com foco no STJ, usando seu acesso privilegiado a servidores e gabinetes para manejar prazos, minutas e pautas processuais. Através do acesso aos dados do celular do lobista, a PF identificou que Andreson montou uma sofisticada rede de intermediários, operadores e servidores estratégicos para comercializar decisões judiciais do STJ e outros tribunais. Para isso, buscava acesso a servidores que tinham acesso aos gabinetes.

Ainda de acordo com a coluna de Aguirre Talento, a Fource, Catarina e Marco Buzzi foram procurados, mas não responderam. Em outra ocasião, Catarina já havia afirmado que nunca atuou em processos de interesse de Haroldo que tramitaram no gabinete de seu pai, Marco Buzzi. O gabinete do ministro também já afirmou que não tem conhecimento das relações de sua filha e que não proferiu decisões favoráveis aos interesses do empresário. A defesa de Haroldo não se manifestou.

Conforme informado pelo RepórterMT, a empresa Fource Gestão de Recursos e os sócios Valdoir Slapak e Haroldo Augusto Filho também estão sendo acusados de articular outro esquema criminoso. Eles teriam praticado irregularidades no processo de recuperação judicial do grupo do empresário do agronegócio José Pupin.

A Fource teria se infiltrado no processo agindo de forma “parasitária”, controlando o patrimônio bilionário de Pupin e desviando recursos milionários.

Conforme a denúncia, tudo começou quando a Fource ofereceu apoio técnico e financeiro para reestruturação das dívidas do grupo do agro, quando Pupin enfrentava problemas de saúde. A assinatura de uma procuração pública deu a Valdoir e Haroldo poderes irrevogáveis sobre o patrimônio do empresário para negociar safras e representar o grupo empresarial judicialmente.

A partir daí a Fouce teria assumido controle de fazendas e de receitas, realizando arrendamentos, transferências e cessões de crédito sem autorização. Entre as movimentações citadas estão R$ 10 milhões referentes à safra 2021/22 e mais de R$ 44 milhões em créditos negociados nos anos seguintes.

LEIA MAIS: Pupin diz que grupo Fource agiu como 'parasita' e desviou R$ 50 milhões

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