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Cuiabá, 02 de Novembro de 2024
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03 de Setembro de 2019, 07h:51 - A | A

POLÍCIA / VENDA DE VAGAS

PF prende donos de universidade por fraudes no FIES em MT e SP

Entre os mandados judiciais expedidos estão 11 prisões preventivas, 11 prisões temporárias, 45 ordens de busca e apreensão e 10 medidas cautelares (alternativas à prisão). A Justiça Federal também determinou o bloqueio de bens e valores dos investigados

DA REDAÇÃO



Jales/SP - A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta terça-feira 03/9, a Operação Vagatomia, que investiga um grande esquema de fraudes na concessão do Financiamento Estudantil do Governo Federal (FIES) e na comercialização de vagas e transferências de alunos do exterior (principalmente Paraguai e Bolívia) para o curso de medicina em Fernandópolis/SP. Bolsas do PROUNI e fraudes relacionadas a cursos de complementação do exame REVALIDA também estão sob investigação da PF.

Aproximadamente 250 policiais federais estão cumprindo 77 mandados judiciais expedidos pela Justiça Federal de Jales/SP nas cidades paulistas de Fernandópolis, São Paulo, São José do Rio Preto, Santos, Presidente Prudente, São Bernardo do Campo, Porto Feliz, Meridiano, Murutinga do Sul, São João das Duas Pontes e Água Boa, em Mato Grosso. 

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“Assessorias educacionais”, com o apoio dos donos e toda a estrutura administrativa da universidade negociaram centenas de vagas para alunos (muitos deles já identificados) que aceitaram pagar pelas fraudes a fim de serem matriculados no curso de medicina.

Entre estes alunos, que compraram suas vagas e financiamentos, existem filhos de fazendeiros, servidores públicos, políticos, empresários e amigos dos donos da universidade, todos com alto poder aquisitivo, que mesmo sem perfil de beneficiário do FIES, mediante fraude, tiveram acesso aos recursos do Governo Federal. Com a sistemática atual de inclusão de dados e aprovação do FIES pelas próprias universidades privadas (beneficiárias dos recursos que aprovam) a PF estima que milhares de alunos carentes por todo o Brasil podem ter sido prejudicados em razão destas fraudes.

Com o incremento desordenado de alunos de medicina no campus em Fernandópolis/SP, a qualidade dos estudos foi prejudicada e alunos que ingressaram de forma regular procuraram o MPF para denunciar as fraudes. No decorrer das investigações, a PF identificou ameaças proferidas pelo dono da universidade aos alunos que fizeram as denúncias, além de tentativas de influenciar e intimidar autoridades, destruição e ocultação de provas, dentre outras ilegalidades. 

De acordo com as investigações, os empresários estariam investindo os recursos obtidos com as fraudes em imóveis urbanos e rurais no Brasil e no exterior, além da compra de aeronaves (helicóptero, jatinho e avião) e dezenas de veículos de luxo, que estão sendo bloqueados nesta data.

Os alunos e pais, que aceitaram pagar pela vaga e/ou financiamentos públicos, também responderão pelos crimes em investigação na medida de suas culpabilidades. Nova investigação será iniciada imediatamente pela PF objetivando identificar todos os pais e alunos que concordaram em pagar pelas fraudes praticadas pela organização criminosa e, portanto, também praticaram crimes.

Todo o material apreendido será encaminhado para a PF em Jales/SP para a realização de análise no interesse das investigações em curso. Os presos foram indiciados pelos crimes de organização criminosa, falsidade ideológica, inserção de dados falsos em sistemas de informações e estelionato majorado, cujas penas somadas podem chegar a 30 anos de reclusão. Eles serão ouvidos e posteriormente conduzidos para cadeias da região de cumprimento da prisão onde permanecerão presos à disposição da Justiça Federal.

O nome da operação Vagatomia foi utilizado em alusão ao termo “tomia” que significa “corte”, comumente utilizado em palavras que denominam procedimentos cirúrgicos. Como os investigados reduziam as vagas do curso de medicina e FIES, na medida em que as vendiam, candidatos que teriam direito ao financiamento do Governo Federal sofriam com o corte das vagas disponíveis.

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