VANESSA MORENO
DO REPÓRTERMT
Relatório da Polícia Federal (PF) evidencia claros indícios de que o lobista Andreson de Oliveira e o advogado Roberto Zampieri, assassinado em dezembro de 2023, em Cuiabá, tinham acesso privilegiado a documentos decisórios, exerciam influência em gabinetes de ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e praticavam "venda de fumaça" para impressionar clientes.
Conforme o Estadão, autos da Operação Sisamnes mostram o avanço da investigação que dão “cara” ao suposto mercado de venda de sentenças que teria se instalado tanto no STJ, quanto em tribunais de Justiça estaduais.
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Os ministros Isabel Gallorri, Nancy Andrighi e Og Fernandes relataram processos que estão sendo esmiuçados pela PF, mas eles não são investigados. A investigação ocorre em torno do envolvimento de servidores ligados aos gabinetes, que mantinham relação com o Andreson e Zampieri, e juntos transformaram processos judiciais em um verdadeiro “leilão” conforme apontou a PF no documento ao qual o Estadão teve acesso.
Em análise aos diálogos entre Andreson e Zampieri, a PF colocou em evidência o “acesso antecipado e a manipulação indevida do conteúdo jurisdicional” de processos que tramitaram ou ainda tramitam no STJ.
"Quem vai fazer o voto vai ser a juíza extrutora amiga minha", escreveu Andreson a Zampieri, fazendo referência à função de juíza instrutora e auxiliar de ministro, no dia 28 de outubro de 2019.
"Ela falou que vai pegar pra fazer. Se a gente acerta ela faz a favor e entrega pra mim", garantiu Andreson a Zampieri.
A investigação mostra que o lobista tinha documentos internos do gabinete de Galloti relacionados ao processo que estaria em “negociação”. As minutas foram enviadas a Zampieri na mesma conversa do dia 28 de outubro.
"Tais arquivos encaminhados por Andreson continham as siglas de identificação do servidor que editou o documento, o que indica se tratar de uma minuta, enviada antes mesmo de sua publicação", diz trecho do relatório da PF.
Em outra conversa o lobista disse: "Você mostrou o voto do Buzzi a ele?", questionou Andreson, citando, segundo a PF, o ministro Marco Aurélio Buzzi.
"Esses dois vão sair essa semana", completou Andreson, se referindo às duas minutas antecipadas e endereçadas a Zampieri.
"Quando ele paga para o Salomão ir com a gente", seguiu o lobista em mais uma menção nominal a um ministro da Corte - o vice-presidente do STJ, Luís Felipe Salomão.
"E depois a Gallotti", prosseguiu Andreson.
A PF interpretou a frase de Andreson dizendo: "No intuito da viabilidade, o lobista Andreson encaminhou duas minutas de decisões que têm como relatora a ministra Isabel Gallotti e que sairiam naquela semana. Na sequência, Andreson perguntou a Zampieri quanto ele pagaria para que os ministros Salomão e Galotti os favorecessem, sendo citado, ainda, o ministro Buzzi”.
A atuação de Andreson e Zampieri é conhecia como uma antiga estratégia de “venda de fumaça” para levar clientes a acreditarem em suposta influência de seu defensor nos gabinetes de juízes, desembargadores e ministros.
*Com informações do Estadão
















