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Cuiabá, 05 de Novembro de 2025
05 de Novembro de 2025

05 de Novembro de 2025, 14h:00 - A | A

POLÍCIA / EFEITO ZAMPIERI

PF aponta que lobista e advogado de Cuiabá praticavam "venda de fumaça" para impressionar clientes

Investigações esmiuçam processos que tramitaram ou tramitam em gabinetes de ministros do STJ

VANESSA MORENO
DO REPÓRTERMT



Relatório da Polícia Federal (PF) evidencia claros indícios de que o lobista Andreson de Oliveira e o advogado Roberto Zampieri, assassinado em dezembro de 2023, em Cuiabá, tinham acesso privilegiado a documentos decisórios, exerciam influência em gabinetes de ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e praticavam "venda de fumaça" para impressionar clientes. 

Conforme o Estadão, autos da Operação Sisamnes mostram o avanço da investigação que dão “cara” ao suposto mercado de venda de sentenças que teria se instalado tanto no STJ, quanto em tribunais de Justiça estaduais.

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Os ministros Isabel Gallorri, Nancy Andrighi e Og Fernandes relataram processos que estão sendo esmiuçados pela PF, mas eles não são investigados. A investigação ocorre em torno do envolvimento de servidores ligados aos gabinetes, que mantinham relação com o Andreson e Zampieri, e juntos transformaram processos judiciais em um verdadeiro “leilão” conforme apontou a PF no documento ao qual o Estadão teve acesso.

Em análise aos diálogos entre Andreson e Zampieri, a PF colocou em evidência o “acesso antecipado e a manipulação indevida do conteúdo jurisdicional” de processos que tramitaram ou ainda tramitam no STJ.

"Quem vai fazer o voto vai ser a juíza extrutora amiga minha", escreveu Andreson a Zampieri, fazendo referência à função de juíza instrutora e auxiliar de ministro, no dia 28 de outubro de 2019.

"Ela falou que vai pegar pra fazer. Se a gente acerta ela faz a favor e entrega pra mim", garantiu Andreson a Zampieri.

A investigação mostra que o lobista tinha documentos internos do gabinete de Galloti relacionados ao processo que estaria em “negociação”. As minutas foram enviadas a Zampieri na mesma conversa do dia 28 de outubro.

"Tais arquivos encaminhados por Andreson continham as siglas de identificação do servidor que editou o documento, o que indica se tratar de uma minuta, enviada antes mesmo de sua publicação", diz trecho do relatório da PF.

Em outra conversa o lobista disse: "Você mostrou o voto do Buzzi a ele?", questionou Andreson, citando, segundo a PF, o ministro Marco Aurélio Buzzi.

"Esses dois vão sair essa semana", completou Andreson, se referindo às duas minutas antecipadas e endereçadas a Zampieri.

"Quando ele paga para o Salomão ir com a gente", seguiu o lobista em mais uma menção nominal a um ministro da Corte - o vice-presidente do STJ, Luís Felipe Salomão.

"E depois a Gallotti", prosseguiu Andreson.

A PF interpretou a frase de Andreson dizendo: "No intuito da viabilidade, o lobista Andreson encaminhou duas minutas de decisões que têm como relatora a ministra Isabel Gallotti e que sairiam naquela semana. Na sequência, Andreson perguntou a Zampieri quanto ele pagaria para que os ministros Salomão e Galotti os favorecessem, sendo citado, ainda, o ministro Buzzi”.

A atuação de Andreson e Zampieri é conhecia como uma antiga estratégia de “venda de fumaça” para levar clientes a acreditarem em suposta influência de seu defensor nos gabinetes de juízes, desembargadores e ministros.

*Com informações do Estadão

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