DA EDITORIA
O advogado e ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso (OAB-MT), Ussiel Tavares, é apontado pela Polícia Federal como possível intermediário no esquema de compra e venda de decisões judiciais envolvendo tribunais de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e o Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Ussiel chegou a ser alvo da PF em maio de 2025, na Operação Sisamnes, que investiga o suposto esquema, descoberto após o assassinato do advogado Roberto Zampieri, em dezembro de 2023, em Cuiabá.
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Conforme o Estadão, o ex-presidente da OAB-MT teria atuado como emissário das transferências financeiras entre o doleiro Surrey Ibrahim Mohamad Youssef, de São Paulo, e Zampieri. Mensagens de WhatsApp recuperadas mostram que Zampieri indicou a Ussiel que fosse buscar “uma encomenda” no escritório de Surrey.
“Oi, tem uma pessoa lá no escritório dele, tentando entrar. Será que já é seu emissário?”, questionou Zampieri, em conversa com Ussiel.
“Procura quem lá? Puxa vida, fala o nome só”, respondeu o advogado, segundo o relatório da PF, divulgado pelo Estadão.
Segundo a investigação, Ussiel teria intermediado encontros e repasses financeiros associados a processos judiciais em trâmite no Tribunal de Justiça do Mato Grosso e no STJ. A Polícia Federal descreve sua atuação como parte de um fluxo financeiro estruturado, com valores fracionados e transferências periódicas para dificultar a fiscalização.
As apurações indicam que o esquema movimentava grandes quantias em dinheiro vivo, dólares e até ouro, e que os repasses realizados por Surrey tinham ligação direta com pagamentos de propinas a magistrados e assessores. Durante buscas na casa de câmbio de Surrey, a PF encontrou uma mochila com elevada quantia em espécie, reforçando a suspeita de operações ilícitas em andamento.
Pagamento em dólar
Ainda de acordo com o Estadão, a PF identificou um sistema bancário paralelo em dólares, operado pelo doleiro Surrey, para dar suporte financeiro a Zampieri. Surrey era responsável por fazer pagamentos em espécie e remessas em dólar que abasteciam o circuito de propinas intermediado pelo advogado de Cuiabá. A PF descreve o doleiro como operador de um “sistema clandestino de compensações financeiras” usado para movimentar valores pagos pela compra de decisões judiciais.
“Surrey era responsável por operacionalizar o sistema bancário paralelo que viabilizava a circulação clandestina dos valores ilícitos”, afirma o relatório assinado pelo delegado Marco Bontempo, que conduz o inquérito sob supervisão do ministro Cristiano Zanin Martins, no Supremo Tribunal Federal (STF).
As mensagens obtidas pela PF revelam que propinas eram pagas em dólares, entregues pessoalmente a Zampieri ou a seus intermediários em São Paulo.
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