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Cuiabá, 17 de Março de 2025
17 de Março de 2025

03 de Janeiro de 2015, 14h:17 - A | A

POLÍCIA / CONFLITOS AGRÁRIOS

MT fecha o ano em segundo lugar entre estados mais violentos no campo

Estão registrados até agora cinco assassinatos. Lista de ameaçados de morte tem 109 nomes

KEKA WERNECK
DA REDAÇÃO



Mato Grosso fechou o ano de 2014 sem conseguir mudar a realidade de violência no campo. Relatório lançado na metade do mês de dezembro pela organização social Rede de Justiça e Direitos Humanos coloca o Estado, novamente, entre os mais violentos, em se tratando de crimes provocados por conflitos na zona rural.

Só este ano, cinco assassinatos desta natureza foram confirmados. Acredita-se também que outros aconteceram sem alarde em locais distantes. O relatório aponta que, entre os demais estados brasileiros, “Mato Grosso desponta na matança no campo”.

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Só em agosto aconteceram três casos subsequentes. No dia 13, morreu assassinada a tiros, a ex-presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Agricultura de União do Sul, em Mato Grosso, Maria Lúcia do Nascimento, que morava no assentamento Nova Conquista II. “Tanto ela quanto outras famílias assentadas e dirigentes do Sindicato de Trabalhadores na Agricultura local já haviam sofrido ameaças do dono da fazenda, Gilberto Miranda, registradas em boletins de ocorrência e em atas de denúncias feitas diretamente ao ouvidor agrário nacional, desembargador Gercino José da Silva Filho. As ameaças foram testemunhadas, inclusive, por oficiais de justiça”, mostra o relatório.

No dia 16, o presidente da Associação de Produtores Rurais Nova União (ASPRONU), Josias Paulino de Castro, 54 anos, e a esposa dele, Ireni da Silva Castro, 35 anos, também foram assassinados, no Distrito de Guariba, Município de Colniza (MT).

O relatório narra que no dia 5 de agosto, “Josias havia participado, em Cuiabá (MT), de audiência com o ouvidor Agrário Nacional, desembargador Gercino, e com várias outras autoridades do estado de Mato Grosso”.

Nessa ocasião, Josias denunciou políticos da região por extração ilegal de madeira, a polícia militar por irregularidades e órgãos públicos por emissão irregular de títulos de terras, assim como a existência de 'pistoleiros' na região. Josias teria afirmado: “Estamos morrendo, somos ameaçados, o Governo de Mato Grosso é conivente, a PM de Guariba protege eles, o Governo Federal é omisso, será que eu vou ter que ser assassinado para que vocês acreditem e tomem providências?” – indagou, prevendo a própria morte.

A Comissão Pastoral da Terra (CPT), que é parceira da Rede de Justiça e Direitos Humanos, e mais 18 entidades do Estado divulgaram nota pública reafirmando que “estes assassinatos não são fatos casuais num estado que vem promovendo insistentemente a concentração de terra e a violência programada para perpetuar o privilégio de uns poucos que detêm o poder político e econômico em detrimento de uma maioria de trabalhadores e trabalhadoras rurais”.

Para a CPT, “a violência do latifúndio e do agronegócio contra os povos do campo continua a ameaçar a soberania dos territórios e a luta por direitos humanos”.

Além dos assassinatos, conforme o Fórum de Direitos Humanos e da Terra Mato Grosso, 109 pessoas estão ameaçadas de morte e sem nenhuma forma de segurança pessoal, porque o Estado não tem programa de proteção a testemunhas e pessoas em risco.

O campo no Maranhão ainda é o mais violento do Brasil, junto com Mato Grosso, que fica em segundo, e o Pará. A CPT lança em abril relatório completo sobre as mortes no campo no Brasil em 2014.

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