JOÃO RIBEIRO
DA REDAÇÃO
O Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) anulou a prisão preventiva do delegado, João Bosco de Barros e da esposa dele, a escrivã, Gláucia Cristina Moura Alt, neste domingo (24). Eles são acusados de integrar um suposto esquema de facilitação a um grupo criminoso que traficava entorpecentes. Os policiais foram descobertos em junho deste ano, durante a deflagração da operação ‘Obadom’. Com a prisão revogada, Bosco volta a ter prisão domiciliar determinada pelo TJ no dia 6 de novembro. Já Gláucia, que estava em liberdade, terá que ficar detida em casa também.
No dia 22 deste mês, a Justiça acatou um pedido do Grupo de Atuação de Combate ao Crime Organizado (GAECO), e determinou a prisão de Bosco e Gláucia, porém eles ficaram presos no Centro de Aperfeiçoamento de Praças da PM (CEFAP) apenas dois dias.
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Após ficar foragido durante semanas, Bosco se entregou à polícia no dia 21 de setembro. A defesa ainda tentou ingressar um pedido de habeas corpus preventivo, no entanto, a Justiça indeferiu a tentativa de soltura. Aconselhado pela defesa, o delegado se apresentou a Justiça e teve que ficar detido na Polinter até este mês.
À Polícia, Bosco negou a acusação de facilitação ao tráfico de drogas e afirmou que em 30 anos de polícia nunca foi acusado de nada ilegal.
OPERAÇÃO ABADOM
A operação foi iniciada em dezembro de 2012, quando um traficante foi preso na rodoviária de Várzea Grande. A partir dessa prisão e Delegacia de Entorpecentes investigou a origem da droga, onde realizou a identificação de 11 membros da quadrilha. O delegado de polícia e a esposa, foram presos na operação pela Corregedoria Geral da Polícia Civil e quatro detentos da Penitenciária Central do Estado (PCE) tiveram ordens de prisão cumpridas dentro da unidade prisional, em Cuiabá.
LUCRO ILÍCITO
Conforme uma gravação telefônica divulgada pelo telejornal da TV Centro América ‘MTTV 2ª Edição’, os policiais ganhavam até R$ 12 mil com o esquema criminoso. Eles se beneficiavam extorquindo os traficantes da quadrilha investigada.
Na gravação mostra a escrivã negociando com um dos chefes do bando, Marco Antônio da Silva, também conhecido como ‘Nênem, a soltura de um traficante detido pelos policiais corruptos.
Nênem questiona a escrivã dizendo que se pagasse R$ 12 mil, os policiais soltariam o traficante preso. Gláucia, na gravação, concorda com o valor e afirma que iria ligar novamente para o criminoso depois de 40 minutos, no entanto, o chefe da rede destaca que queria a garantia de que o detido seria solto.
Já em outro áudio, Marco Antônio revela que existem outros policiais extorquindo a rede criminosa e ainda pergunta para a escrivã se eles não estavam “dominados”. Porém, a policial explica ao traficante que essas pessoas seriam de outro grupo. “Quem não estava dominado? Esses aí são outras pessoas”, disse Gláucia. Dominado, neste caso, seria "estar no bolso".