RAUL BRADOCK
DA REDAÇÃO
A associação criminosa desarticulada pela Polícia Federal (PF) durante a Operação Nascostos, na manhã de quarta-feira (21), usou - dentre dezenas de vítimas - documentos de um juiz federal para cometer crimes como estelionato e clonagem de cartões.
Dos 14 mandados de prisão, preventivas e temporárias, estão quatro envolvidos na morte do personal Danilo Campos, em novembro de 2017, em Cuiabá.
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Guilherme Dias de Miranda e Walisson Magno, mandante e executor do crime, respectivamente, já estavam presos na Penitenciária Central do Estado (PCE) desde março de 2018. Já atual mulher de Guilherme, Yonar Sudré e um amigo de infância dele, Danilo Romão Lemes, foram presos na operação de quarta-feira.
Na época, a execução do personal teria sido motivada por um caso amoroso entre o personal e Ane Lise Hovorusk, então mulher de Guilherme e aluna de Danilo Campos.
“A Operação visa o combate de uma organização criminosa que dentre outros crimes pratica estelionatos, uso de documentos falsos e também associação para o tráfico de entorpecentes. Eles clonavam cartões e usavam documentos de várias vítimas, dentre elas, a de um juiz federal. Por isso a investigação se deu por parte da PF, por conta do tráfico internacional e pelo uso do documento de um juiz”, disse o delegado da PF Márcio Magno Carvalho Xavier.
Veja o momento da prisão de Yonar e Danilo Romão
De acordo com os agentes federais, Cuiabá é um dos núcleos que chefiava essa organização criminosa. Os mandados também foram cumpridos em São Paulo, Acre, Paraná, Rio de Janeiro e Distrito Federal. A polícia explicou que vários dos alvos estão presos por tráfico, homicídios e outros crimes.
RepórterMT/Reprodução

Guilherme Dias (de branco) teria mandado executar Danilo Campos (camisa azul) por vingança de Ane Lise, devido a uma susposta traição.
Foram cumpridos 49 ordens judiciais em todo país, sendo 5 mandados de prisão preventiva, 9 de prisão temnporária, 27 de busca e apreensão e 8 de sequestros e bloqueios de bens. Os trabalhos foram coordenados pela Delegacia de Polícia Federal de Sorocaba (SP).
Membro de facção
Guilherme e Walisson estão presos desde março deste ano na Penitenciária Central do Estado (PCE) por envolvimento na morte do personal que, segundo o processo, mantinha um relacionamento amoroso com a então esposa de Guilherme, Ane Lise Hovoruski.
Yonar também já havia prestado depoimento em relação à morte do personal e, inclusive, afirmado ter retomado seu relacionamento com Guilherme depois que ele já estava preso.
Anteriormente, em depoimento, uma testemunha de acusação tinha afirmado que Guilherme pertencia a uma facção criminosa. Segundo Carlos Alexandre Meireles, amigo de infância de Danilo Campos, o personal lhe contou sobre as ameaças que vinha sofrendo de Guilherme.
Diante disso, Alexandre resolveu pesquisar sobre o ex-marido de Ane, que também morava em seu condomínio. Alexandre relata que na época foi alertado pelo segurança do condomínio para que o personal tomasse cuidado com Guilherme, pois o criminoso possuía ligações com a facção criminosa Comando Vermelho.
Em outro julgamento, porém, Guilherme pediu para que fosse trocado de cela na penitenciária juntamente com Walisson, pois sofriam ameaças por pertencer a alguma facção. “No presídio tem facção e eu preciso mudar de lugar que estou ficando. Não faço parte de nenhuma facção”, disse Guilherme.
O assassinato
Danilo estava na Rua General Ramiro de Noronha, em Cuiabá, às 21h20 do dia 8 de novembro de 2017, quando uma dupla se aproximou em uma motocicleta. Na sequência, o garupa sacou uma arma, atirou diversas vezes e fugiu. A moto era pilotada por Walisson Magno da Silva.
O crime teria sido encomendado por Guilherme para se vingar de Danilo, que teve um caso com sua mulher, Ane Lise Hovorusk. Em depoimento que o teve acesso, Ane relata que Walisson teria pilotado a moto, levando na garupa um boliviano, que seria o executor dos disparos.
Segundo a mulher, bolivano teria sido contratado por R$ 10 mil e teria fugido do país antes mesmo de receber o dinheiro.
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