CAROL SANFORD
DA REDAÇÃO
O cabo da Polícia Militar, Gerson Luiz Ferreira, preso por atuar no esquema de interceptações telefônicas clandestinas no âmbito da PM, pode ser condenado a 16 anos de prisão por “integrar organização criminosa” e “embaraçar investigação” referente aos “grampos”.
O apontamento foi feito pelo desembargador Orlando Perri, na decisão que determinou a nova prisão do militar, na quarta-feira (11), pela suspeita de que Gerson escondeu o Sistema Sentinela, equipamento desenvolvido para que as escutas ilegais fossem feitas pela PM, por meio do Núcleo de Inteligência.
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“Com base em tais razões, podemos afirmar, com segurança, que estão presentes a prova da materialidade e indícios suficientes de autoria em relação ao suspeito Gerson Luiz Ferreira Correa Júnior por integrar organização criminosa [art. 2º, Lei n. 12.850/2012], com pena de três a oito anos de reclusão; e também por embaraçar investigação de infração penal que envolva organização criminosa [art. 2º, § 2º, da Lei n. 12.850/2013], com reprimenda idêntica de três a oito anos de reclusão”, escreveu o desembargador.
O desembargador apontou dois episódios que tiveram participação ativa de Gerson nas escutas clandestinas.
“O primeiro, e que podemos considerar a mola propulsora de todas as investigações deflagradas [investigação-matriz], diz respeito aos fatos ocorridos na Comarca de Cáceres, com a inclusão de pessoas estranhas à investigação, introduzidas como se criminosas fossem, para o fim de se quebrar sigilos telefônicos de forma oculta”, destacou Perri.
A denúncia, feita pelo promotor Mauro Zaque, apontou que entre os anos de 2014 e 2015 advogados, jornalistas, empresários, políticos e magistrados tiveram os celulares “grampeados” em uma investigação de tráfico de drogas internacional.
O segundo caso ocorreu na “possível quebra de sigilo telefônico, na modalidade “barriga de aluguel”, ocorrida na “Operação Ouro de Tolo”, processo código 414652, onde foi incluído o terminal pertencente ao ex-governador Silval Barbosa [PMDB], mesmo ele não sendo investigado naqueles autos”.
Perri declarou que o cabo Gerson foi figura central nos dois casos, por ser o principal operador e desenvolvedor do Sistema Sentinela.
“O registro desses fatos, prestam a confirmar a participação do Cb. PM Gerson Luiz Ferreira Correa Júnior na trama delituosa”, afirmou o desembargador, ao declarar ainda busca e apreensão de todos os equipamentos eletrônicos, que possam servir de prova de que o sistema esteja escondido na casa do militar.