VANESSA MORENO
DO REPORTÉR MT
O desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) Marcos Machado se declarou suspeito em uma ação contra a ex-primeira dama do Estado Roseli Barbosa. Ele reconheceu a suspeição por "motivo íntimo" para qualquer procedimento ou ação em que a parte interessada seja o ex-governador Silval Barbosa e familiares dele.
Roseli Barbosa e outros seis foram acusados pelo Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) de negociar vantagens indevidas mensalmente para renovar contratos na Secretaria de Estado de Trabalho e Assistência Social (Setas), da qual ela era secretária, fraudando procedimentos de contratação, entre os anos de 2012 e 2014.
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A ação tramitava na 7ª Vara Criminal de Cuiabá, mas o juiz Jean Garcia de Freitas Bezerra declinou da competência e enviou o caso para o TJ, após um novo entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF), que garante foro privilegiado para crimes cometidos no exercício do cargo e em razão das funções.
O processo foi redistribuído e caiu no gabinete 3 da Primeira Câmara Criminal, onde atua Marcos Machado.
“Não obstante, reconheço suspeição por motivo íntimo para procedimentos e ações em que seja parte ou interessado Silval da Cunha Barbosa e familiares neste Tribunal”, escreveu o desembargador.
O relacionamento entre Marcos Machado e Silval Barbosa já esteve na mídia em 2015, quando um promotor do MP foi acusado de vazar informações sigilosas à uma emissora de TV. Uma das informações em questão seria um grampo telefônico que continha uma conversa entre o desembargador e o ex-governador, que falavam a respeito de um habeas corpus que seria julgado para decidir a liberdade ou não da então primeira dama Roseli Barbosa, que foi presa no âmbito da Operação Arqueiro, deflagrada em 2015 para desmantelar o esquema de corrupção da Setas.
Além disso, a nomeação de Marcos Machado como desembargador, foi feita em 2011, após escolha de Silval, enquanto governador.
Machado era promotor do MP na época e integrava uma lista tríplice enviada para o chefe do Executivo Estadual que tinha 15 dias para tomar uma decisão. Dez horas após receber a lista, Silval escolheu Marcos Machado e justificou a escolha ressaltando as qualidades dele.
Após se declarar suspeito para dar seguimento na ação de Roseli Barbosa, o processo foi redistribuído por sorteio.