Denúncia do MP diz que Emanuel se reuniu com delegado para "frear" investigações contra ele

Montagem Repórter MT

Emanuel fez uma reunião com o delegado Lindomar Tóffoli

FERNANDA ESCOUTO
DO REPÓRTERMT

A denúncia do Ministério Público Estadual (MPMT), que culminou no afastamento de Emanuel Pinheiro (MDB) do cargo, mostra que o chefe do Executivo tinha influência junto à Polícia Civil. Conforme as investigações, o prefeito chegou a ter uma reunião com o delegado Lindomar Tófoli para “frear” investigações contra ele.

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De acordo com dados retirados do aparelho celular do prefeito, apreendido durante uma busca e apreensão, fica claro esse “poder de influência”. As investigações flagraram uma conversa entre Emanuel e Rodrigo Oliveira Mendes de Melo, escrivão da Polícia Civil, na ocasião lotado na Delegacia Especializada em Crimes Fazendários e Contra a Administração Pública.

Em alguns trechos de conversas, Rodrigo se apresenta a Emanuel como homem de confiança dos delegados Lindomar Aparecido Tófoli e Anderson Veiga. Logo em seguida ele diz ao prefeito: “Fique esperto que eles querem fritar o senhor [...] Quando o senhor quiser e ainda levo o Lindomar para conversar com o senhor”.

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Ainda por mensagem, Rodrigo diz que Lindomar aceitou se encontrar com Emanuel, mas que fosse em algum lugar escondido. O encontro aconteceu no dia 9 de julho de 2021.

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Já em agosto daquele ano, Rodrigo informou fatos que seriam internos da Delegacia de Polícia, citando o nome da Delegacia de Combate à Corrupção “Deccor”, e que o retorno do Delegado Lindomar iria “frear” as investigações em desfavor do prefeito Emanuel Pinheiro”. Lindomar foi afastado da Deccor, em 2019, por decisão da Diretoria da Geral da Polícia Civil. 

“A próxima conversa entre os interlocutores ocorreu em 06/10/2021 e, ao analisá-la, observou-se que a informação dessa conversa vai de encontro com o diálogo do dia 23/08/2021, momento em que o Rodrigo menciona que o retorno do Delegado Lindomar à Delegacia de Combate à Corrupção – DECCOR iria favorecer ao prefeito, quando afirma que o citado delegado frearia as investigações em desfavor do prefeito, pois justificaria uma provável troca de favores ao solicitar intermediação do prefeito visando a celeridade de uma decisão pelo Desembargador Luiz Carlos da Costa que por consequência agilizaria o retorno do delegado”, diz trecho da denúncia assinada pelo promotor de Justiça Carlos Roberto Zarour.

"Os trechos acima copiados do relatório 08/2023/GOP/NACO demonstram de forma clara o poder de articulação do prefeito até mesmo em órgão de persecução penal”.

Afastamento

De acordo com as investigações, Emanuel é apontado como líder de uma organização criminosa que agia na Saúde de Cuiabá.

Conforme o órgão ministerial, a organização era composta também pelo assessor Executivo da Secretaria Municipal do Governo de Cuiabá, Gilmar de Souza Cardoso, o ex-secretário de Saúde de Cuiabá Célio Rodrigues da Silva, e Milton Corrêa da Costa.

“Foi possível constatar a existência de uma organização criminosa na qual Emanuel Pinheiro exerce a liderança do grupo ordenando e dá amparo aos demais integrantes visando a contratação de empresas predestinadas a vencer os processos licitatórios, ou, ainda, com dispensa de licitação, para que o grupo obtenha proveito financeiro dos contratos que envolviam vultosos valores”, destacou o MP.

Emanuel foi afastado por 6 meses do cargo. Essa não é a primeira vez que isso acontece. O prefeito já havia sido afastado devido a um esquema de "cabidão" de emprego, também na Secretaria Municipal de Saúde.