LUIZ FERNANDO ROGÉRIO
O SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) é um serviço desenvolvido pela Governo Federal em parceria com as secretarias municipais e de Estado da Saúde, organizadas macrorregionalmente.
É responsável pelo atendimento móvel de urgência da região e pelas transferências de pacientes graves.
Deveria fazer parte do sistema regionalizado e hierarquizado, capaz de atender, dentro da região da Baixada Cuiabana, todo enfermo, ferido ou parturiente em situação de urgência ou emergência, e promover o transporte com segurança e acompanhamento de profissionais da saúde até o nível hospitalar do sistema.
Acredito ser o mais importante serviço implantado nos últimos tempos pelo Ministério da Saúde. O SAMU no Brasil tem características parecidas com o modelo Francês e tem com um dos seus pilares a articulação com os serviços hospitalares de Urgência e Emergência.
Quando o SAMU foi implantando em Mato Grosso, na metade do primeiro mandato do Governador Blairo Maggi, hoje senador da República, o projeto original do SAMU aprovado pelo Ministério da Saúde (escrito e encaminhado no Governo Dante de Oliveira) contemplava bases completas em Cuiabá, distribuídas nas policlínicas da Capital, uma em cada região da cidade, além de uma Base no Alto da Serra de São Vicente, considerando o elevado numero de acidentes com vítimas e a distância de deslocamento até o Hospital e Pronto Socorro de Cuiabá.
A outra base estava prevista no Hospital Municipal de Chapada dos Guimarães, considerando a duplicação da estrada até Campo Verde e o elevado número de acidentes fatais na rodovia Emanuel Pinheiro.
Entenda-se como base o prédio completo com salas de regulação, coordenação, reunião, administração, três dormitórios (masculino, feminino e para suporte avançado), vestiário, almoxarifado, copa, radio e estacionamento coberto para duas ambulâncias de suporte básico de Vida e uma de Suporte avançado.
Cada ambulância de Unidade Móvel de Suporte Básico tem, além de material de consumo onde se inclui medicações, no mínimo: rede de oxigênio, prancha longa de madeira para imobilização da coluna, colares cervicais, cilindro de O2, talas de imobilização de fraturas e ressuscitador manual adulto e infantil (ambu) com técnico de enfermagem, motorista socorrista e uma ambulância UTI móvel.
Cada Unidade de Tratamento Intensivo Móvel tem, além de material de consumo, no mínimo: uma incubadora para transporte, um aspirador cirúrgico para ambulância, um respirador a volume, um monitor multiparâmetros, um oxímetro digital e bomba de infusão para seringas, além de todo o material para imobilização e medicamentos de cuidados intensivos com médico e enfermeiro e Motorista socorrista.
O que ocorreu é que, para atender a interesses nebulosos de compadres, "mensaleiros" e "sanguessugas", o governador Blairo distribuiu as ambulâncias (veja bem, foram as ambulâncias, pois as bases simplesmente não foram implantadas e sumiram) de Chapada dos Guimarães e a do Alto da Serra de São Vicente para os municípios de Cáceres e Rondonópolis.
Além de acabar com o projeto original de implantação que contemplava a Baixada Cuiabana, a ação do governo Maggi deixou o Estado em situação irregular junto ao Ministério da Saúde, pois na papelada as duas bases estão construídas e em pleno funcionamento.
Os recursos de ampliação foram bloqueados. A base do Alto da Serra de São Vicente nunca foi construída. A base de Chapada foi implantada precariamente pela Secretária Municipal de Saúde, apenas com uma ambulância de suporte básico, sem médico, apenas com motorista e técnico de enfermagem, há mais ou menor um ano. Só depois que a prefeitura de Chapada descobriu que, no Ministério da Saúde, ela já existia no papel e o recurso financeiro para custeio entrava nos cofres do Fundo Estadual de Saúde, mas nunca chegava ao Município.
Outro erro foi a exclusão de Bombeiros das equipes do SAMU - isso só para ficar de bem com alguns técnicos do Ministério da Saúde. Ora, se tem uma função que é da natureza dos Bombeiros, essa função é salvar vidas em situação de risco. Quando um soldado motorista bate a ambulância, por exemplo, ele é detido, abre-se um procedimento disciplinar e, comprovado o erro, o valor do reparo é descontado do seu soldo. Já o prejuízo causado ao erário por um motorista civil... Ele bate o carro e dá risada, pois sabe que não vai dar em nada.
O descompromisso com a vida é marca do atual governo, que pilha o SAMU sucateando os equipamentos e veículos alem de desmotivar as equipes, que trabalham à exaustão.
Desejo que o SAMU seja realmente forte, com profissionais bem remunerados, em constante capacitação, equipamentos modernos, viaturas novas, helicóptero para resgate em lugares distantes e de difícil acesso, barco para socorro nos nossos rios, lagoas, Pantanal, rápido para atender as urgências com agilidade eficiente e qualificada para ser realmente recolhido pela sociedade mato-grossense.
LUIZ FERNANDO ROGÉRIO é especialista em Sistema e Serviços de Saúde
e usuário do SUS