EMANUEL PINHEIRO
A cidade de Santo Antônio de Leverger, antiga Santo Antônio do Rio Abaixo, é considerada uma das maiores riquezas da Região Metropolitana do Vale do Rio Cuiabá, localizada a 27 quilômetros de Cuiabá. Dotada de uma arquitetura colonial, se desenvolveu graças à descoberta das minas de ouro por desbravador como Miguel Sutil.
O município é o berço do Pantanal mato-grossense e preserva até os dias de hoje as tradições culturais de Mato Grosso. Além disso, exerceu papel fundamental no processo de formação política do estado. O saudoso Marechal Rondon, filho daquela terra, é mundialmente conhecido como propulsor das linhas telegráficas para o Centro-Oeste, incorporando a região ao resto do país.
Dentro desse contexto político histórico destacamos diversos nomes que se destacaram nacionalmente como senador Jonas Pinheiro; deputado Milton Figueiredo; Sebastião de Oliveira conhecido por doutor Paraná, pai de Dante de Oliveira; entre outros ribeirinhos e pantaneiros que dedicam diariamente para a preservação das manifestações culturais e históricas daquela região.
As origens de Santo Antônio de Leverger se ligam às de Cuiabá. A tradição popular guardou a história da imagem de Santo Antônio. O nome da cidade não esconde o que a mesma representava para a economia da região. A maior movimentação econômica já vivida ali foi em razão das extrações de ouro e outros minérios, tornando-a alvo dos países da Europa.
Nas primeiras décadas do século passado se destacou como um dos principais polos econômicos do estado graças às riquezas geradas pelas usinas de cana-de-açúcar. O ciclo natural dessa cultura influenciou e muito para o desenvolvimento econômico de Mato Grosso, que, atualmente se volta em torno das commodities agrícolas, que fortalecem o Médio-Norte do estado.
Santo Antônio de Leverger recebeu status de vila pela lei estadual nº 22 de 4 de julho de 1890 com território desmembrado do município de Cuiabá e foi elevado à cidade pela lei estadual nº 1023 de 2 de setembro de 1929. Em 1948 recebeu a sua atual denominação Santo Antônio de Leverger.
A cidade teve importante papel na Guerra do Paraguai, pois foi rota de apoio logístico para a fuga dos civis envolvidos nesse conflito. No período das “Bandeiras” foi ponto de referência aos bandeirantes paulistas para chegar à Cuiabá. Tamanha é sua relevância que no Brasão de Armas do Estado de Mato Grosso pode-se ver, bem ao centro deste símbolo, o traçado expressivo do Morro de Santo Antônio.
O morro ganhou este nome em função de estar no território do município de Santo Antônio de Leverger. Segundo a tradição popular, no período de Guerra do Paraguai, a contribuição desta colina à defesa da capital foi inestimável. Como se temia que Cuiabá fosse invadida por tropas paraguaias, o comando de defesa da capital teria instalado um ponto de vigilância no topo do morro, devido à sua posição estratégica e, uma grande fogueira seria acesa, em caso do inimigo subir o Rio Cuiabá.
Nesses 113 anos de emancipação política de Santo Antônio de Leverger não podemos de forma alguma eximir sobre a contribuição do município para o desenvolvimento do estado. Dentro do contexto de urbanização e crescimento urbano impulsionado em meio aos enormes avanços técnico-científicos da segunda metade do século XX, cabe uma reflexão: a cidade, na sua origem, de espaço político por excelência, se restringe um modo de ser urbano estranho aos interesses, à história e à cultura de muitos povos. Neste caso, temos a obrigação de manter vivas as histórias de um povo e suas tradições.
Afinal, até quando iremos nos submeter a uma lógica que secundariza a cidade como o espaço do cidadão?
EMANUEL PINHEIRO é deputado estadual em Mato Grosso pelo Partido da República