Quem visita a Áustria não pode se contentar em apenas apreciar a sua capital e cidade global. Viena, apresenta em suas cercanias um outro lado oculto cujo desenho é o retrato iluminado que mistura passado e presente, história singular e natureza em seu esplendor. Toda essa magia, serviu de fonte inspiradora para imperadores, músicos, artistas, intelectuais, que rendeu à Áustria uma galeria de notáveis com 20 cientistas que receberam o Prêmio Nobel.
Esses lugares pitorescos agregados aos Alpes são poucos conhecidos para a maioria. São os recônditos da Áustria, onde vive uma população feliz e sadia nos vales dos rios, encurralada pelo Maciço Alpino. É uma paisagem espetacular de rara beleza, que vale a pena desfrutar apreciando as delícias de cada vila ou castelo medieval.
Uma das cidades por mim visitadas foi Durnstein, localizada no distrito de Krems-Land, no Estado da Baixa Áustria. A povoação de Dursntein é coroada pelas ruínas do Castelo de Kueringer, onde o poderoso Rei da Inglaterra Ricardo Coração de Leão (Ricardo I) ficou preso durante 14 meses (dezembro de 1192 a fevereiro de 1194).
Tudo aconteceu na sua viagem de regresso das Cruzadas. Ricardo I reencontrou o Imperador Romano-Germânico, Leopoldo da Áustria, que não lhe havia perdoado os insultos recebidos em Acre (cidade de Israel situada na região da Galileia, a norte da Baía do Mediterrâneo e localizada num promontório próximo do Monte Carmelo) e foi detido, mas com direito aos privilégios que a sua condição de Rei determinava, como visitas e a concertos privados. O resgate de Ricardo Coração de Leão custou 150.000 marcos ao tesouro da Inglaterra, soma equivalente ao dobro da renda anual da coroa, na época.
O Castelo de Kuenringer em Durnstein, cuja vista é grandiosa sobre o Vale de Wachau e o majestoso Rio Danúbio, foi cenário para o filme Sissi (1955), sobre a Imperatriz Isabel da Áustria.
A excursão histórica prossegue até Bad Ischl, cidade da Alta Áustria, no Distrito de Gmunden. Uma estância termal e turística situada no centro da região de Salzkammergut, nas margens do rio Traun, que mais parece um imenso lago com suas águas transparentes.
Bad Ischl, na região dos lagos, ficou famosa por ter sido a cidade de veraneio da Imperatriz Sissi da Áustria e de seu marido, o Imperador Franz Joseph (Francisco José). Outros personagens ilustres seguiram o mesmo caminho. Logo, Bad Ischl, se transformou na “Viena dos Lagos” no verão. Expoentes da sociedade, incluindo artistas, filósofos e músicos se estabeleceram lá, dentre os quais, Johann Strauss, Sigmund Freud e Alfred Nobel.
É deslumbrante passear pelo belo calçadão de Bad Ischl à beira do rio Traun ou sentar nos cafés e restaurantes para apreciar o Maciço Alpino ainda coberto de neve no topo, em pleno verão. Outra opção é visitar o Elisabethen Park ou Sissi Park, criado em 1852, sob árvores de até 150 anos. É um oásis de calma, beleza e diversão. Tem inúmeras floreiras, jardins temáticos, restaurante e pista para cavalos.
Atravessando uma ponte sobre o rio Ischl chega-se ao Kaiser Park, onde fica situado o Palácio do Imperador com os seus canteiros coloridos. Foi nesse palácio que foi realizada a festa de noivado de Francisco José com Sissi. Atualmente, uma parte do palácio ainda é ocupada por descendentes da família imperial. Porém, a maior parte, é um museu que retrata a dinastia dos Habsburgos. Dentro do parque, existe também o “Castelo de Mármore”, muito aconchegante. Um refúgio que era utilizado apenas pela família imperial para fugir das obrigações da corte. Era onde Sissi adorava tomar seu chá da tarde
Atualmente, o Castelo de Mármore, abriga o Museu da Fotografia, com uma exposição permanente sobre a história nos séculos XIX e XX. Naquela época, Viena se transformou na capita mundial da fotografia, juntamente com Paris e Londres.
VICENTE VUOLO é economista e cientista político.