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Cuiabá, 16 de Setembro de 2025
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24 de Outubro de 2017, 08h:14 - A | A

OPINIÃO / ONOFRE RIBEIRO

Oposição

Governo precisa de oposição política



A entrada do conselheiro Antonio Joaquim, como provável candidato a governador em 2018, abre pro governador Pedro Taques uma face nova na sua gestão: a oposição.

Não que ele não a tenha atualmente. Mas é uma oposição parlamentar estadual muito descosturada e oportunista.

Nunca fez oposição consistente e regular. Em 2016, ela foi mais forte por ocasião das discussões em torno da RGA: deputados Janaina Riva, Emanuel Pinheiro, Zeca Viana e Alan Kardec.       

No mais, a oposição nunca agiu dentro de uma linha de determinação capaz de por o Governo na defensiva todo o tempo e de ter que se defender de ataques concentrados.

Falta de oposição é muito ruim porque afrouxa a gestão.

Conto uma estória real que vem do Japão. Os japoneses apreciam peixe fresco. Os navios foram se adaptando pra não precisar congelar ainda na pescaria.

Mas ainda assim reclamavam que o peixe não tinha a carne boa. Fizeram piscina de água salgada. Nem assim.

Tiveram então a ideia de colocar alguns pequenos tubarões na piscina junto com os peixes.

Resultado: a permanente defesa mantinha a carne rija e os peixes ao gosto dos consumidores. Ainda que os tubarões comessem muitos.

A oposição funciona mais ou menos igual ao tubarão. Come alguns peixes, mas deixa o governo rijo.

O governo Pedro Taques precisou preocupar-se mais com os sindicatos do serviço público, com o Ministério Público Estadual e com o Poder Judiciário. É uma oposição burocrática.

Governo precisa de oposição política. Isso o obriga a refinar a sua linguagem, a antecipar-se às críticas e a remendar decisões criticadas. Sem isso corre frouxo.     

Todas as gestões políticas precisam de permanente refinamento da linguagem e das atitudes, sem falar no planejamento de todas as ações. Quem dá boa parte do tom de uma gestão é a oposição competente.

Já conheci em Mato Grosso oposições marcadas e convictas. Os governantes gastavam boa parte do tempo se defendendo e consertando situações.       

A entrada de Antonio Joaquim na disputa e a sua disposição anunciada de fazer oposição ao governador Pedro Taques vai ajudar muito mais do que atrapalhar.

Na reta final da gestão e com  muitas contradições, vai ter que aperfeiçoar a linguagem política que não construiu antes justamente por falta de oposição.

Dizia-se antigamente que carro de boi apertado é que canta.

O governo não é carro de boi, mas o provérbio popular cai direitinho.         

Outra coisa: o jogo entre situação e oposição é um tipo de linguagem. Não é inimizade. É um tipo de compadrio consentido. Necessário.

ONOFRE RIBEIRO é jornalista em Mato Grosso.

onofreribeiro@onofreribeiro.com.br 

www.onofreribeiro.com.br

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