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Cuiabá, 15 de Fevereiro de 2025
15 de Fevereiro de 2025

06 de Julho de 2013, 08h:23 - A | A

OPINIÃO / ONOFRE RIBEIRO

O caos dos transportes

O transporte pessoal vence transporte coletivo ruim, ineficiente e caro



Os movimentos de rua de junho de 2013 começaram pelo caos nos transportes urbanos atuais, mas sua história é muito antiga. No tempo do Império, acordos do Brasil com a Inglaterra introduziram as ferrovias no Brasil, permitindo, por exemplo, o desenvolvimento do interior de São Paulo de regiões de Minas Gerais. Na década de 1950 o governo Juscelino Kubitschek priorizou as rodovias no seu Plano de Metas.

 

Desde então o Brasil passou a caminhar sobre pneus. Na década de 1970 os militares que governavam o Brasil privatizaram as ferrovias com direito à sua extinção. Foi o que aconteceu e morreu ali o Brasil que ainda andava nos trilhos administrados pessimamente pela Rede Ferroviária Federal.

 

Pela mesma época o Brasil rural se urbanizava. Em 1950 o IBGE apontava que 70% dos 50 milhões de brasileiros viviam no campo. O êxodo rural provocou a urbanização desordenada das cidades até o caos de hoje. A necessidade de transportes públicos urbanos já se montou em cima dos ônibus do presidente JK e não parou mais.

 

As vias urbanas pouco planejadas comportavam trens urbanos no Rio de Janeiro e ônibus ou troleibus elétricos em São Paulo. No Brasil todo ônibus e mais ônibus que também se deterioraram com o uso. Os ônibus descartados nas grandes capitais eram aproveitados nas cidades menores até o completo sucateamento.

 

Já as vias urbanas recebiam constantes melhoras pensando nos automóveis de uso no transporte individual. Usar isso como propaganda de boas gestões públicas criou políticos como Paulo Maluf em São Paulo, e Jaime Lerner em Curitiba e suas carreiras políticas. Mas o transporte coletivo nunca foi priorizado, exceto em Curitiba.

 

O que temos hoje são congestionamentos de ônibus nas ruas e avenidas de todas as cidades médias e grandes do Brasil, disputando espaços com o mar de automóveis. Ou seja, o transporte pessoal competindo e vencendo o transporte coletivo ruim, ineficiente e caro.

 

O Brasil perdeu a oportunidade de planejar os transportes públicos entre os anos 1970 a 1990 antes que se formasse esse caos atual. Experiências bem sucedidas como os metrôs em São Paulo e no Rio não avançaram por causa da corrupção, além de que passageiro pobre não dá tanto voto para os gestores públicos como fazer belos viadutos e túneis para os automóveis particulares.

 

Hoje discute-se nas ruas o atraso de planejamento dos últimos 40 anos.

 

ONOFRE RIBEIRO é jornalista em Cuiabá.

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