ONOFRE RIBEIRO
Originalmente governabilidade tem a ver com a habilidade de governar. O Brasil que sai das eleições de 2014 tem na governabilidade o principal desafio.
Enfrenta-se o esgotamento completo da filosofia da esquerda brasileira que nunca se preparou além do discurso para governar, e um Brasil dividido que sai das urnas com duas posições claras: quem elegeu a presidente Dilma já se dispersou porque garantiu a sua motivação social.
Quem votou contra, não se desmobilizou e não dá sinais de se desmobilizar. Ao contrário, está se organizando e mantendo a fervura da indignação.
Antes de falar mais sobre a governabilidade do segundo governo Dilma, merecemos algumas considerações.
Governar com o povo nem sempre significa governar para o povo, e daí surge a dificuldade de muitos governos em se alcançar sucesso na conclusão de seus projetos.
No Brasil, temos um presidencialismo de coalizão, onde variados partidos políticos apoiam o presidente da república. Isso causa uma relação de dependência, onde o poder executivo depende do legislativo, e este, por sua vez, depende muito pouco do primeiro.
Um exemplo típico disso ocorre quando o governante não consegue a maioria no legislativo, ou ainda, quando o presidente da República não libera as emendas parlamentares.
Com isso, surgem as reclamações, e caso estas ganhem volume, ocorrem crises na coalizão. Cabe aos governantes buscar esta governabilidade dentro de um ambiente dócil e ameno, estabelecendo o equilíbrio das contas e das relações entre os poderes.
Porém, de 2015 em diante o governo Dilma terá que enfrentar uma série de frentes, todas capazes de prejudicar muito a governabilidade.
Sem detalhar, ela terá que lidar com elementos diversos que estão desconectados: a economia decadente, a opinião pública insatisfeita com a divisão dos brasis, com os tarifaços que já começaram, com aumentos dos juros, novos aumentos na carga tarifária por conta da gestão populista e gastadora, a inflação crescendo a olhos vistos, a corrupção endêmica e o país descendo ladeira abaixo no crescimento econômico.
Todos esses problemas não são estranhos aos governos brasileiros. Agravam-se na segunda gestão Dilma dada a sua incapacidade de diálogo efetivo, a falta de nomes para funções estratégicas na administração e os desgastes morais do seu partido e do governo, fora as questões da economia e da divisão da opinião pública.
Tempos muito difíceis nos aguardam a partir de 2015.
ONOFRE RIBEIRO é jornalista em Mato Grosso.
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