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Cuiabá, 30 de Outubro de 2025
30 de Outubro de 2025

30 de Outubro de 2025, 14h:11 - A | A

OPINIÃO / TABATA MAZETTO

A Psicologia da Venda: o que o cérebro do cliente revela antes mesmo do preço

TABATA MAZETTO



Nem sempre é o valor que assusta, mas a forma como ele é apresentado. A neurociência tem mostrado que o cérebro decide muito antes da razão entrar em cena e entender esse processo pode transformar completamente a maneira como você vende.

Pesquisas recentes comprovam que a ordem das informações muda a percepção de valor. Quando o preço é revelado logo de início, o cérebro interpreta o restante da apresentação como justificativa lógica para aquele número. Já quando o valor aparece no fim, o cliente cria expectativas mentais e, se o número não corresponde ao que imaginava, vem a frustração imediata.

De uma coisa é certa: o problema muitas vezes não é o preço que você cobra, mas a história que o cérebro do cliente constrói antes de saber quanto custa. Segundo Daniel Kahneman, Nobel de Economia e autor de Rápido e Devagar: Duas Formas de Pensar, as pessoas não são máquinas racionais que pensam e depois sentem, elas sentem e depois justificam com a razão.
Ou seja, toda venda começa com uma emoção, seja a confiança, clareza, medo ou confusão. Só depois o cliente busca motivos racionais para validar o que sentiu.

Mostrar o preço no início, portanto, não é ousadia, é estratégia cognitiva. Isso permite que a leitura das vantagens do produto seja guiada pela curiosidade (“será que vale isso?”) e não pela decepção (“achei que seria mais barato”). O fato é que muitos profissionais pecam ao enviar orçamentos longos, técnicos e cheios de texto, deixando o preço para o final, um modelo quase acadêmico. Na psicologia cognitiva, isso gera sobrecarga mental: quando o cérebro é obrigado a processar informações demais, ele ativa o modo de fuga. É o famoso “depois eu vejo” que quase nunca chega.

A dica da especialista é simples e eficaz: clareza visual. Use tabelas, ícones ou comparações diretas entre pacotes. Assim, o cliente sente que está diante de uma proposta transparente e profissional. Outro gatilho psicológico poderoso é a ilusão de controle, conceito descrito por Ellen Langer, professora de Harvard.

Oferecer duas ou três opções de pacotes muda o foco mental do cliente. Em vez de pensar “será que eu vou comprar?”, ele passa a pensar “qual desses eu vou escolher?”. Essa simples virada de chave reduz a resistência e aumenta as chances de fechamento.

Como sempre falo, compreender a psicologia da venda não é manipular, mas criar conexões humanas. A venda é uma troca emocional. Quando feita com propósito e verdade, se transforma em conexão, não em manipulação. Aceitar o valor real do próprio trabalho e comunicá-lo com clareza é um ato de respeito, consigo mesmo e com o cliente. Como dizia Carl Rogers, “a curiosa contradição é que, quando me aceito como sou, posso mudar.”

Talvez o segredo não esteja em baixar preços, mas em comunicar valor com consciência.
Quando se entende o funcionamento da mente, vender se torna mais humano, mais ético e, sobretudo, mais eficaz.

E é justamente nessa interseção entre psicologia, propósito e empreendedorismo que eu tenho pautado o meu trabalho. Assim eu sigo a ajudar profissionais e empresas a transformarem a forma de comunicar, empreender e se relacionar com o cliente, de dentro para fora.

Por Tabata Mazetto, psicóloga e aromaterapeuta

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