A gestão do governador Pedro Taques tem sido uma sucessão de metamorfoses. Cada hora tem uma cara e um discurso. O saldo tem sido uma sucessão de coerências e de incoerências.
Hora amado, hora odiado. E assim perto de concluir o último ano do seu mandato entra numa nova metamorfose.
Terminou o ano de 2017 com a perspectiva de que a liberação do Fundo de Exportações – FEX, mais impostos recuperados na mesma ocasião, somados à aprovação da PEC do Teto pela Assembleia Legislativa, dariam uma folga de caixa ao governo.
Com isso, iniciaria o ano em boa situação financeira. Afastaria os fantasmas do atraso de salários do funcionalismo público e os repasses de duodécimo aos poderes.
Além de pagar os fornecedores de todos os setores em atraso. Janeiro começou atravessado. Os poderes em rota de colisão. O funcionalismo público sobressaltado pelo medo de atrasos no salário.
Fornecedores em grande aperto financeiro. Mas o pior de tudo foi o governador Pedro Taques iniciar o ano com o discurso da crise tão forte como foi nos piores momentos de 2017.
Na abertura dos trabalhos legislativos de 2018 na Assembleia Legislativa o governador fez um discurso sombrio. Seguramente foi mal orientado. Por que? Por motivos simples.
O discurso da crise já estava assimilado pela população, pelos poderes e até pelos funcionários públicos. Estes deram uma trégua na aprovação da PEC do teto.
Perderam os anéis pra não perder os dedos. Mas a reconstrução do discurso sombrio de crise em 2018 veio com um adendo massacrante.
Denunciou que o pior de tudo é o descontrole fiscal do estado. Isso não estava claro pra sociedade. Ela compreendia a crise e sabia que dentro dela estavam embutidas muitas dificuldades. Mas sanáveis.
No seu discurso o governador Pedro Taques exagerou nas cores escuras. Isolou-se de novo. Vinha muito bem na estruturação de um diálogo com os poderes, os fornecedores, os servidores públicos e a sociedade.
Certamente falou por mau aconselhamento. Mas há tempo pra corrigir o estrago. Mesmo nos seus piores momentos anteriormente, Mato Grosso sempre foi otimista.
Tem uma economia positiva, sustentável e crescente. O ambiente mundial é favorável à sua economia. As crises sempre foram piores dentro da gestão pública.
O governador tem bons secretários nas áreas do planejamento, da fazenda, do desenvolvimento econômico, da infraestrutura, entre outros.
Deveria sentar com eles, reunir, discutir e construir um discurso realista e otimista. Se o governante encosta a mala, contamina a todo mundo.
Segura a mala, governador! O ambiente futuro é positivo pra economia. Pra política, só Deus sabe. Pra sociedade interessa só a economia. Mas não é o fim do mundo.
Não jogue fora o otimismo histórico de todos nós. Foi construído com muita dor e dificuldades! Aprendi na vida: tudo passa!
ONOFRE RIBEIRO é jornalista em Mato Grosso.