LOUREMBERGUE ALVES
Não é comum, nem inédito a desistência de um político na disputa majoritária.
As páginas da história político-eleitoral regional trazem exemplos a respeito, e, inclusive, bem recentemente.
E cada uma das desistências provoca consequências distintas, até por conta do cenário vivido ou presenciado, e da época. Os resultados e as causas são, naturalmente, objetos de pesquisas do estudioso do jogo político, mesmo que não se tenha fechado o dito quadro.
Este, por exemplo, é o caso da saída do Jaime Campos (DEM) da disputa pela vaga de Senado, e que levou – e isso é natural - a uma série de especulações e de comentários.
Nesse sentido, cabe observar que esta desistência foi atribuída, pelo próprio senador, ao desconforto sentido na coligação. Isso é real.
E se deu lá atrás, a partir do momento em que o PR poderia ingressar-se na coligação de sustentação a candidatura Pedro Taques.
Ingresso que não ocorreu, porém a sua tentativa gerou desentendimentos entre algumas lideranças da aliança, especialmente entre as do PSB e as do DEM, com a imprensa servindo-lhes de respirador do mau-humor.
Os ataques foram frequentes. E estes se agravaram, ou foram promovidos, com a notícia de que os prefeitos Percival Muniz e Mauro Mendes poderiam pedir votos para Wellington Fagundes (PR), candidato ao Senado na chapa do Lúdio Cabral (PT).
A divisão interna ficou exposta, sem que alguém do grupo pudesse diminuí-la ou pô-la a termo.
O que resultou no desconforto do democrata, e foi este, segundo ele próprio, a motivação da sua desistência – beneficiando, por outro lado, unicamente a candidatura do Wellington Fagundes.
Mas é pouco provável que a desistência do Jaime tenha sido motivada apenas por isso.
Existem, certamente, outros fatores. Sobretudo quando se sabe que o senador democrata não gosta de “bola dividida”, ainda que esta esteja no campo da sua aliança.
O senador, contudo, desistiu exatamente no instante em que estava crescendo nas pesquisas de intenções de votos, e com chances reais de vencer a disputa.
Portanto, ele saiu “numa boa”. E, assim, pôde construir a seguinte imagem de si mesmo: desprendimento político, por cargo e pelo poder; companheirismo e alguém avesso à desunião do grupo.
Imagem que se ampliou com a paquera de outras chapas também em disputa.
Situação que obriga a aliança do Pedro Taques a agir rápido. Tanto na escolha do novo candidato ao Senado, antes dos dez dias permitido por lei, bem como na manutenção do Jaime Campos na aliança, com o fim de impedir que os eleitores do democrata migrem para as urnas dos adversários – candidatos ao governo.
Risco que se torna maior, evidentemente, caso ganhe corpo outra imagem: a da falta de organização e de ausência de diálogos entre os componentes da aliança.
Imagem que aumenta os desgastes e desmotivam quem se encontram em meio às frentes da campanha.
Os prejuízos eleitorais, então, podem ser catastróficos.
Isso reforça a ideia de que, durante a campanha, as questões ou os problemas surgidos devem ser resolvidos imediatamente.
Jamais empurrados para depois, uma vez que este empurrar pode se tornar uma ação não assimilada pelo eleitorado.
LOUREMBERGUE ALVES é professor universitário e articulista político em Cuiabá.
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