JOSÉ ANTONIO LEMOS
Às vésperas do Natal, depois das tantas coisas boas que aconteceram para Cuiabá em 2013, ligadas à Copa ou não, eis que antes de seu encerramento o ano ainda nos reservou o estudo do IBGE sobre o PIB no Brasil em 2011, com algumas conclusões importantes, em especial para Cuiabá, que não podem passar despercebidas. Primeiro é que Cuiabá continua com o maior PIB de Mato Grosso, com uma produção de R$ 12,4 bilhões naquele ano, representando 17,4% do PIB estadual. Após Cuiabá, a segunda maior produção foi de Rondonópolis com R$ 5,7 bilhões. Nada mal para uma cidade tratada por algumas opiniões desagregadoras como uma cidade que nada produz, aleivosia que tem generosa divulgação e acaba passando como verdade à grande parte do senso comum.
Esse resultado não surpreende e, além de sua própria importância, a divulgação dos PIB’s a cada ano recoloca a verdade em seu lugar, com Cuiabá como o maior centro produtivo do estado. Sempre foi assim, inclusive com essa proporção já tendo sido maior, é claro que diminuindo à medida que o estado desenvolve e o interior avança produtivamente. Considerada a conurbação Cuiabá-Várzea Grande, essa diferença amplia ainda mais, mesmo que também decrescendo. Como já disse, esse decréscimo é esperado e salutar à medida que o estado desenvolve. Mas até quando e até quanto? Isso dependerá das políticas de desenvolvimento adotadas para Cuiabá e Várzea Grande, cujos governos e lideranças municipais têm responsabilidade nas formulações e cobranças, em especial junto aos governos estadual e federal. Políticas de abrangência regional e nacional, não mais provincianas.
Na verdade não pode ser dado um caráter de disputa entre capital e interior, já que de fato o que existe é uma invejável e vitoriosa simbiose regional ascendente. Temos uma rede urbana polarizada por Cuiabá que dá suporte a toda cadeia produtiva do agronegócio mato-grossense. Cuiabá integra essa grande cadeia produtora através da prestação de serviços especializados, tais como assistência técnica, serviços político-administrativos, de comércio, educação, cultura, saúde e industriais. O atual dinamismo e vitalidade de Cuiabá vêm da força da demanda do interior que a cidade ajudou e ajuda a implantar e desenvolver. Cuiabá centraliza hoje uma das regiões mais dinâmicas do planeta, antes um imenso vazio econômico, e é empurrada para cima por ela. Cabe às lideranças de Cuiabá enxergar esta inserção, como, aliás, fez recentemente o prefeito Mauro Mendes ao assumir com acerto Cuiabá como a capital do agronegócio, dando a entender que desenvolverá políticas no sentido de defender e promover esta condição. É por aí.
A segunda ótima notícia vem do mesmo estudo do IBGE que aponta o PIB per capita de Cuiabá como o 10° entre as capitais, à frente de 17 outras, entre elas Goiânia, Recife, Goiânia, Campo Grande, Fortaleza, Salvador e Belém. Trata-se de um dado importante, pois é um dos fatores preponderantes na sinalização para investimentos privados em nível do país, além de indicar que existe de fato uma significativa produção de riqueza que pode e deve progressivamente transformar-se em qualidade de vida para a população que a produz.
A última ótima notícia vem de longe, de Bilbao, na Espanha, onde o jornal “El Gol Digital” classificou a Arena Pantanal como a sétima das mais espetaculares arenas do futuro em todo o mundo. E Bilbao entende do assunto, pois abriga obras de grandes arquitetos mundiais. Resta nos preparar para pilotar essa nave intergalática, pousada no Verdão. Um bom começo é a rica e bem sucedida experiência do Sebrae-MT com o Centro de Convenções. Aliás, precisamos nos colocar à altura de tudo o que vem acontecendo com Cuiabá e Mato Grosso. Feliz Natal!
JOSÉ ANTONIO LEMOS DOS SANTOS, arquiteto e urbanista, é professor universitário