LUIS VINICIUS
DA REDAÇÃO
Diante do aumento de ao menos 32% no número de estupros ocorridos de janeiro a setembro deste ano, quando foram registrados 156 casos, sendo 113 denunciados, no mesmo período do ano passado, Mato Grosso tem apresentado situação que vai de encontro com a forte campanha nacional de combate à violência sexual, a defensora pública e presidente do Conselho dos Direitos da Mulher, Rosana Barros, afirmou em entrevista ao , que infelizmente a situação é apenas "a ponta do iceberg". Ela pontua que grande parte das ocorrências não chega ao conhecimento das autoridades por falta de preparo e políticas para atender as vítimas.
“Uma pesquisa divulgada em junho pelo Ipea [Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada] aponta que os números de estatísticas representam apenas 10% dos casos de violência sexual", disse a presidente do Conselho dos Direitos da Mulher, Rosana Barros.
Só na capital, os registros bateram a casa de 30. Já em Várzea Grande, as ocorrências chegaram a 12. Os dados foram divulgados pela Secretaria de Estado de Segurança (Sesp) que não informou os números de outubro.
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Rosana aponta que os números divulgados de ocorrências registradas na Grande Cuiabá não representam a realidade. “Uma pesquisa divulgada em junho pelo Ipea [Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada] aponta que os números de estatísticas representam apenas 10% dos casos de violência sexual. O estupro é o crime mais subnotificado do mundo, seja por vergonha das vítimas, por se sentirem culpadas, por tabu”, afirmou.
"O estupro é o crime mais subnotificado do mundo, seja por vergonha das vítimas, por se sentirem culpadas, por tabu”, afirmou Rosana.
A defensora ressalta que a falta de acolhimento num atendimento impregnado da cultura de culpabilização das vítimas afasta as mulheres da Justiça, fazendo com que a maior parte das denúncias não sejam sequer feitas. Depois disso, boletins de ocorrência mal feitos, falta de informação e estruturas precárias no atendimento médico engrossam o caldo que impede que a grande maioria dos casos chegue a julgamento e que os culpados realmente sejam punidos pelo crime que cometeu.
“A mulher muitas vezes tem vergonha de procurar a delegacia. Ela não sabe como será atendida pelas autoridades de todo o sistema de Justiça. O estupro é um delito em que a vítima é julgada junto com agressor. Quando a pessoa é furtada ninguém pergunta para ela por que que ela estava com aquela camisa bonita. Entretanto, quando a mulher procura uma delegacia para dizer que foi abusada sexualmente, as autoridades perguntam: por que você estava com essa roupa? Como se ela não tivesse o direito de usar essa roupa. Então, ainda existe muita vergonha em buscar ajuda e amparo do poder público, infelizmente”.
“A mulher muitas vezes tem vergonha de procurar a delegacia. Ela não sabe como será atendida pelas autoridades de todo o sistema de Justiça. O estupro é um delito em que a vítima é julgada junto com agressor".
Para ela, além da exposição sofrida pelas mulheres estupradas, a falta de punição também é um dos pontos considerados pela vítima que não registra a ocorrência.
“É muito difícil mensurar, mas considerando um dado que temos, que é o da violência sexual no âmbito da violência doméstica, apenas 1% dos casos chegam à uma condenação. Muitos casos não são notificados e, dos notificados na Polícia, muitos são arquivados e outros muitos não geram inquérito policial.
INSEGURANÇA DIÁRIA
Nesta quarta-feira (23), a Polícia Civil prendeu, Wellington dos Santos Alves, após ser divulgado o retrato falado do estuprador que estava violentando mulheres no Centro de Cuiabá.
O bandido é responsável por ao menos três casos, registrados em apenas uma semana.
Mulher é estuprada e ameaçada de morte no Centro de Cuiabá
Ana Rafaela 27/11/2016
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